Ainda há quem se espante com o facto de meninos ricos se estarem a matar por bens materiais. Os casos vão-se repetindo, infelizmente. Mas deve haver algumas explicações para o não contentamento com o que se tem e que a esmagadora maioria dos angolanos não se atreve sequer a sonhar.
POR: José Kaliengue
Como fica a cabeça de uma criança isolada da sua realidade e que estuda num colégio cuja propina se calhar ultrapassa o total dos salários que o pai paga na sua empresa? O problema nem é este, o problema está em que o menino vai para a Europa mal sai de férias, não tem contacto com a realidade do país, mas aprende que é diferente e que tem mais direitos que os outros.
Como reage na primeira adversidade um jovem na casa dos vinte anos habituado a andar com milhares e milhares de dólares no bolso? Aliás, há ainda os que sabem que podem brincar com cocaína e ninguém o toca.
Aqui a Polícia nunca sabe de cocaína, mesmo com um músico a afirmar publicamente que se viciou nesta droga aqui mesmo em Luanda. Um amigo contou-me, certa vez, de um menino que, fazendo uma grande birra, não queria ir à escola porque o motorista o levava de Land Cruizer V8, quando os colegas iam de “tubarão”. Era uma vergonha. Aliás, porquê que filho de dirigente angolano nunca tem emprego e aos dezassete anos já é empresário? Pois, espantamo-nos depois com o comportamento dos filhos de hoje. Os que nascem empresários, mas sem saberem que dinheiro se ganha com esforço.