Eu preciso de sair um pouco. Sim, sair um pouco do país, ir ver outras realidades, aprender, ensinar, conhecer. Preciso de, como toda a gente, respirar outros ares para depois voltar aos meus afazeres “renovado”.
Isto aqui sei que não sou o único a pensar, há muita gente a pensar como eu. Mas entre esta muita gente há diferenças. Em tempo de crise alguns nem precisam de batalhar por divisas, já as têm lá fora, “aos pontapés”, como diz o povo. É engraçado como os africanos, assim que se vêm com algum dinheiro, correm a depositá-lo lá fora.
Talvez porque quase sempre tal dinheiro tem proveniência questionável, talvez porque não acreditam no continente, apenas. Não acreditam nos seus países. Não sei se terá efeito algum o apelo do naquela altura candidato João Lourenço para que os angolanos que o têm tragam para cá o dinheiro parado nos bancos estrangeiros, para ajudar a fortalecer a nossa economia. Duvido.
Muitos vão preferir que o dinheiro seja confiscado pelas autoridades europeias a “devolvê-lo” ao país. Voltemos às viagens. As divisas, disse o Presidente João Lourenço, toda a gente sabe onde estão, onde e como são comercializadas, mas ninguém faz nada.
Eu, no lugar do ministro do Interior ou no do procurador-geral da República, a partir daquela noite entrava em ronda para desmantelar a vergonha do mercado negro de divisas. Começaria a fazer alguma coisa, muitas coisas, que é o que o Presidente quer. Será que os dois ouviram bem o recado?