Ainda tenho na memória a saudosa estreia dos Palancas Negras, numa fase final do CAN, em 1996, na África do Sul. Contribuiu para esta minha memória o facto de a pátria de Mandela, na altura libertada das algemas do Apartheid, mostrar-se ao mundo pela primeira vez, com o seu potencial económico e social.
Comandados pelo carismático técnico, Carlos Alhinho, de feliz memória, os angolanos mostraram aos africanos e ao mundo, de uma forma geral, uma geração de futebolistas talentosos, onde pontificavam Abel Campos, Akwá, Minhonha, Luís Cazengue, Carlos Pedro, Paulão, Túbia, Joni, Rosario, e tantos outros craques da bola.
De lá para cá, tive a felicidade de fazer a cobertura da participação de Angola em fases finais do CAN, por mais de seis ocasiões, em diferentes países do nosso continente.
Neste histórico, de participações dos Palancas, pareceu-me sempre uma situação crónica, a disponibilidade tardia de verbas, para projecção, preparação e participação da equipa nacional nas referidas competições.
Várias vezes questionado, o Ministério da Juventude e Desportos negou sempre a responsabilidade, alegando que a FAF era a responsável pelo atraso da disponibilidade financeira.
Outro factor comum, da presença de Angola nos Campeonatos africanos de futebol, são as polémicas à volta da convocatória dos jogadores, por parte dos seleccionadores nacionais.
Acreditem que foi assim com Alhinho, Ferrin, Oliveira Gonçalves, Manuel José e agora com Pedro Gonçalves. Sempre acreditei que os treinadores sofrem pressões e muitas vezes são mesmo influenciados a convocar este ou aquele jogador por motivos X ou Y.
Não pretendo julgar os treinadores, mas esta falta de “tomates” tem prejudicado grandemente a Selecção e retirado da ribalta atletas promissores, à espera de uma oportunidade.
Como é que se compreende que Pedro Gonçalves convoque um jogador que nunca representou os palancas, portanto sem provas dadas, em detrimento de Gilberto, que não precisa de mais nada para justificar o seu talento?
Aprendi, durante a vida, que as decisões dos treinadores são inquestionáveis, mas é precisamente por essas e outras que serei um eterno céptico quanto à seriedade e compromisso com a verdade, por parte de muitos técnicos. Que venha o CAN e que vença apenas o futebol angolano.
Por: LUÍS CAETANO
FELIZ NATAL!