Apresente leitura analítica resulta dos modus operandi dos discursos que sustentam os vários segmentos sociopolíticos.
Pois que, há um contexto que se funda por realidades dicotómicas que são ignoradas por quem giza discursos sem a mínima aferição do seu impacto e coabitação entre o ideal e o real.
Logo, tal desiderato reduz todo e qualquer discurso e sua intenção catártica. Isto é, os efeitos esperados não alcançam os objectivos preconizados.
Assim sendo, o discurso sai de necessário para desnecessário. A retórica exclamativa, o que é discursar em contextos de realidades dicotómicas!?, funda-se a partir de observações, de estudos comportamentais e de leitura fisionómica sobre os sujeitos discursivos que engendram um volume de informações desconexas à realidade da maioria o que sinaliza, portanto, a existência da disfuncionalidade discursiva.
Por exemplo, por razões óbvias, pode-se esperar que o discurso opere mudanças no combate à pilhagem quando se promove por ideopartidarização, contra o descalabro social quando se promovem a mediocridade e a banalidade como modo de vida, a diversificação da economia ou o sector empresarial sem o real investimento e a diminuição do excesso de burocracia? Discursar subentende grelhas de interpretações que operacionalizam o discurso enquanto palavra em acto.
Porém, ao tratarmos do discurso e sua operacionalização é prudente que se sublinhe, desde já, que o mesmo é catalisador de efeitos de sentidos entre os locutores.
Daí que, o discurso deve estar o mais próximo possível da realidade e não do imaginário do marketing político. Por exemplo, a fala sobre turismo deve ser traduzida em acto com medidas objectivas e reais. Entendemos que discursar é conhecer as realidades, falar com e sobre as realidades.
Qual é lógica discursiva sobre sol quando a conjuntura apaga as luzes, ora por vaidade, ora por incoerência.
Quando há um desnível entre o que diz e o que se faz, é ilusório esperar por mudanças significativas. Daí que, discursar em tempos de crise é ter a coragem de falar sobre a realidade da maioria e não da minoria.
É trazer um discurso de esperança, mas antes é também descer do superego para sentir os lábios turvos da calçada que come desespero e das almas que se debatem no corredor dos fantasmas que se alimentam de milhares de sonhos.
Entendemos, portanto, que os discursos de matriz política são, também, reflexos pluri-construtivos do comportamento psicolinguístico dos seus entes locutores conforme o umbigo da sua interpretação de manutenção sobre o contexto e suas realidades pertencentes ao mesmo espaço histórico, situacional e contextual mas com necessidades de falas singulares.
O discurso precisa, necessariamente, ser interpretado, fundamentalmente, como objecto sociolinguístico de soluções e de metodologias.
Por exemplo, se for discursar sobre o combate à pobreza ou sobre a qualidade do ensino tem de ter em conta a operacionalização etnolinguística, antropológica, por exemplo, para que não fira o sujeito receptivo.
Em suma, o ente discursivo que se assume como entidade máxima não deve ignorar os preceitos da prática discursiva para dar azo a uma série de equívocos que privilegiam a culpabilização e a vitimização.
Outrossim, o discurso é a própria realidade na fala dos seus entes discursivos.
Por: Hamilton Artes