A situação envolvendo o basquetebolista Carlos Morais e o Petro de Luanda é um episódio lamentável, que traz à tona várias questões sobre a relação entre atletas, clubes e a gestão desportiva no contexto do basquetebol angolano.
Carlos Morais, um dos jogadores mais emblemáticos do basquetebol nacional, não apenas pelos títulos conquistados com o Petro de Luanda, mas também pela sua contribuição à selecção angolana ao longo dos anos, viu-se agora dispensado de uma forma que muitos consideram inadequada.
O ponto principal da situação é a falta de reconhecimento público por parte do clube representado pelo presidente Tomás Faria que, em declarações à imprensa, confirmou que foi o técnico espanhol quem decidiu não contar com Carlos Morais para o futuro imediato da equipa.
O que fica claro é que a decisão do treinador foi uma estratégia interna, mas o impacto sobre a moral do atleta, que expressou publicamente o seu desconforto com a ausência de um simples “obrigado” após tantos anos de dedicação, é inegável. Morais dedicou longos anos ao clube, contribuindo para o sucesso das últimas temporadas, sendo um dos pilares do Petro.
No entanto, ao ser dispensado de forma abrupta e sem o devido reconhecimento, ele se vê não apenas marginalizado dentro do clube, mas também afastado de uma possível convocação para representar Angola no Afrobasket de 2025, um torneio de enorme importância para a reafirmação do basquetebol nacional, que será realizado em casa.
A ausência de uma comunicação transparente e respeitosa entre a direcção do clube e o atleta reflecte uma falha na gestão humana, um aspecto que é muitas vezes negligenciado no desporto de alto rendimento.
Atletas como Carlos Morais não devem ser vistos apenas como peças para um jogo estratégico, mas como indivíduos que deram a sua contribuição e merecem o reconhecimento pela história que construíram, seja dentro ou fora das quadras.
Adicionalmente, a situação de Carlos Morais revela um dilema frequente em muitos clubes: a falta de competitividade regular, o que afecta directamente a preparação e desempenho dos atletas.
Para um jogador que já atingiu um nível de excelência, a continuidade no clube, a valorização da sua experiência e a hipótese de manter-se em alta competitividade são questões cruciais, especialmente quando o objectivo final é representar o país pela selecção nacional. Para o basquetebol angolano, a forma como o caso Carlos Morais é tratado pode ser um reflexo do que se passa em outros contextos desportivos.
A necessidade de modernização nas relações entre dirigentes, técnicos e atletas é urgente, para garantir que o desporto, enquanto ferramenta de união e crescimento, respeite as individualidades e o trabalho árduo que cada atleta representa.
Este episódio também serve como um alerta sobre a importância da gestão de carreiras no desporto e a necessidade de um ambiente que propicie o desenvolvimento contínuo e a valorização do talento, independentemente da fase da carreira em que o atleta se encontra.
A questão central não é apenas a gestão da equipa, mas também a valorização do legado que cada jogador deixa para o desporto nacional. O respeito mútuo entre todos os envolvidos – clubes, jogadores, técnicos e adeptos – é fundamental para o crescimento sustentável do basquetebol em Angola.
Por: Luís Caetano