Apresente abordagem constitui-se em análises feitas sobre conceitos de leitura em determinadas situações comunicativas, de modo a elucidar o acto de ler nas suas mais distintas perspectivas. Conforme Baltar et al. (2011:118), o acto de ler é, historicamente, revestido de uma aura de erudição.
Quando falamos em leitura, parece haver encaminhamento directo, em uma correspondência quase que biunívoca, à leitura de livros literários e não literários.
A par disso, entendemos que a habilidade que algúem possui de contemplar e analisar a constituição de um compartimento, uma escola, viatura, um hospital, navio, avião, entre outros, não advém da leitura das letras, palavras ou dos textos, mas, com certeza, do exercício perceptivo sobre o mundo.
Grosso modo, compreendemos, entretanto, que a leitura de uma palavra é sempre antecedida da leitura que o indivíduo faz do mundo à sua volta, tendo como resultado a objectividade e/ou subjectividade dos seus pensamentos.
Segundo Freire (1981:3), aprender a ler, a escrever e alfabetizar-se é, antes de mais nada, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade.
Em contrapartida, se existe um índice não muito baixo de analfabetismo, o que é preocupante, com certeza que essa incapacidade não tem afectado, em alguns casos, a compreensão que se tem sobre o mundo. Há pessoas sem o domínio de leitura das palavras, mas que acabam fazendo, de forma compreensível, a leitura do mundo, que, de algum modo, acontece o contrário com aqueles que desenvolveram a capacidade leitora das palavras e dos textos.
Para reforçar o exposto, Freire (1981:4) corrobora que a leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele.
Dito de outro modo, aprendemos, primeiro, a ler o mundo e, depois, as palavras, que passa pelo processo de alfabetização; não podendo ser dissociada nem descontinuada daquilo que se lê do seu meio circundante.
Assim, temos a reconhecer que as leituras que realizamos não são tão-somente situadas nos livros, como suporte na formação dos mais distintos leitores, mas também do meio envolvente do indivíduo, o que constitui factor primário. Ademais, esse processo não pode inviabilizar o aprendizado da leitura das letras, palavras e dos textos, porém deverá completá-lo.
Por: Feliciano António de Castro (FAC)