Quando se acompanha a política em muitos países, tem-se a impressão de que nalguns deles existam somente dois ou três partidos. O caso mais paradigmático é o dos Estados Unidos, onde Democratas e Republicanos são os que há centenas de anos desta democracia se enfrentam pela corrida à Casa Branca, Senado e Congresso.
Mas, contrariamente ao que muitos pensam, há outras forças emergentes nos Estados Unidos, que também vão concorrendo para cargos menores. Mas, em nome da democracia, eles lá estão, embora sejam, desde os primórdios, os democratas e os republicanos os que se conhecem e asseguram a concorrência política. Mesmo existindo outras, a bipolarização é fortemente criticada.
Haverá quem olhe para isso como um grande problema, mas também outros que concordariam que a multiplicidade de partidos não é em si uma grande vantagem. Angola, por exemplo, num determinado momento, chegou a ter mais de 10 partidos e coligações, muitos dos quais só se conheciam as siglas, e o Estado despendia milhares de dólares todos os anos para benefício dos seus responsáveis e outros privilégios.
Nos últimos anos, aumentou significativamente as solicitações para a criação de novas siglas políticas.
Já se sabe que em cada pleito há novos ‘players’. Uns mais sérios que outros, mas, para a sociedade, vai ficando marcada a ideia de que, mais do que poder, muitos destes políticos pretendem somente satisfazer os seus egos.
Quando assim não acontece, tempos depois acabam por surgir as habituais clivagens. Todas as organizações, independentemente do seu escopo, acabam sempre por ter as suas desavenças, muitas das quais ultrapassáveis. Mas, na nossa política, os resquícios acabam por levar anos, às vezes semelhantes aos anos de existência das próprias formações políticas.
É por isso que existem os que não olham com bons olhos o aumento exponencial de forças políticas. Dando a entender que, algumas vezes, na bipolarização, ou nas sociedades em que os partidos não surjam quais cogumelos, existe também uma outra forma de se fazer política. Foi moda durante anos a existência das renovadas.
Houve na UNITA, vimo-la na FNLA e igualmente no PRS. Infelizmente, neste último, as clivagens tardam a chegar, o que pressupõe desde já que essa força política possa ter poucos anos de vida depois do próximo pleito.
A não ser que essas desavenças beneficiem os próprios contendores, porque é difícil perceber como se pisoteia uma decisão do Tribunal Constitucional para dar lugar a um congresso de que se sabe que vai gerar mais discussões e confusões a nível da política local.