Há dias, eu a entrar num supermercado e, no parque de estacionamento, dei com uma senhora que agora faz parte da estrutura do Governo. Ela estava a acabar de transferir as suas compras do carrinho do supermercado para a bagageira do seu carro. Terminou, empurrou o carrinho para trás do carro estacionado ao lado e entrou no seu carro para arrancar e ir-se embora.
Eu, que estava a passar, peguei no carrinho andei uns dez metros e fui colocá-lo no lugar de arrumação, onde estavam outros carrinhos. Ela ficou a olhar para mim. Espero que lhe tenha servido de lição, se é que tem ligado o botão da vergonha na sua cabeça. Mudam de vida, têm outras funções, ganham mais dinheiro e regalias, mas o fundo não se altera.
Isto nós vemos todos os dias nos nossos endinheirados instantâneos. Educação não vem com o cargo ou com o dinheiro. Agora que, aparentemente, há um novo estilo de governação, muitos dirigentes deveriam contratar perceptores para eles próprios e para as suas famílias, francamente, chega de boçalismo.
Em tempo de crise e nestas alterações governativas surgem sempre oportunidades para se fazer bons negócios e para a emergência de novos- ricos. Há já gente com tudo afiado. Uma questão de oportunidade.
Há quem vá pisar tudo e todos. “Agora é a minha vez”. Seria bom que o novo status trouxesse também uma pílula para as pessoas aprenderem que a boa-educação significa capacidade de fazer bem as coisas e saber conviver com os outros dentro dos padrões que a sociedade estabeleceu. É fácil e torna-nos mais felizes.