No tempo da guerra havia a expressão “vou te cumprir”, mas também não se cumpria nada. Ou melhor, cometeu crime? Kuando Kubango com ele. Era assim que se escrevia naquele tempo, com “K” e era assim que as coisas aconteciam.
POR: José Kaliengue
Naquela altura, com toda a opacidade, apesar do fervor patriótico e alguma moral colectiva, mesmo assim alguns iam cumprir lá fora a pena por um assassinato, por exemplo. Mas era necessário muita influência. Na verdade, a expressão surgiu da noção de que o crime não passaria impune. Hoje não sei como se ameaça alguém, aliás, já não se ameaça, mata-se, porque talvez não se vá “cumprir ninguém”. E hoje, com a moral pública desaparecida, com a Pátria mandada às urtigas, os crimes são recompensados com um mau julgamento, uma má instrução processual e com uma saída altamente precoce, mas legal, da cadeia, quando lá se entra. Por fim, querendo-se, sai-se do país numa boa. Talvez hoje a ameaça devesse passar para um “vou te cumprir na Europa”. Curioso como num sistema democrático, com mais juristas e mais faculdades, com mais informação e mais comunicação social, os criminosos possam agir sem medo de ir cumprir. Só os pobres ficaram sem a roleta russa chamada KK.