A norma culta oral da língua portuguesa está a tirar-nos o sono. Nem os cultos conseguem pegá-la. E eles bem tentam, mas ela não é alvo fácil.
Do nosso lado, só dicas e explicações. Dicas que quase nunca são colocadas no terreno. E, se alguém as coloca, é aquela andorinha que não faz tempestade nenhuma.
Enquanto professores, as dicas que nos cabe apresentar são, por azar, as mesmas que não influem na vida diária de quem as ouve. Ironia, não? Deve ser por isso que Adriano (2014) escreveu que não há, neste imenso país, quem use aquela norma sistematicamente. O motivo está algures neste parágrafo e no próximo.
Não é fácil andar com pernas doutro, diga-se. Tudo pode sair-nos mal. Quedas, por exemplo. Daquelas que não deixam margens para recuperação, nem com as melhores lições de auto-ajuda.
O que fazer, então? Cá está ela. Veio-nos ter aquela pergunta que todos queremos ver respondida. E, de facto, era bom se lhe colocássemos fim, pois a resposta acabaria com muitos problemas linguísticos, sociais, educativos e culturais que caminham por estas bandas. Fez-se pouco e, portanto, há muito por se fazer.
As políticas inexistem, se é que alguma vez tiverem ar nos pulmões. Talvez devêssemos começar por aqui: fazer uma radiografia do actual contexto sociocultural e sociolinguístico angolano para, e só aí, apresentar políticas vivas, que influam na vida da gente.
Não é tudo, porém alguma coisa é. Enquanto o que se disse não passar de dica, sujeitemo-nos com os pés doutro e caminhemos como se nosso fosse. Até porque é a única forma de se ter acesso aos serviços que certas casas oferecem.
Por: FAMOROSO JOSÉ