Todos os povos de uma comunidade humana possuem seus mitos, fábulas, lendas e folclores, isto parte desde os primórdios da humanidade, por exemplo, o Povo Ilhoa (da Ilha de Luanda) acredita fortemente na existência da Kianda (sereia, a rainha dos mares de Angola, propriamente dos povos Ambundu), não apenas os povos Ambundu da Ilha de Luanda ou do Mussulo que têm forte crença na Kianda/Kyanda, nome da Língua Kimbundu, Ianda, no singular de Kianda.
Cada meio aquático tem uma sereia, isto é, cada rio, cada lagoa, cada charco tem a sua kianda que toma o nome do rio, lagou ou cacimba. De certa forma, ela é a encarnação do próprio meio aquático.”
Afirma Clara Onofre. Outro mito popular de grande importância nacional, é o de Jacaré Bangão, um Jacaré que, segundo contam os populares, foi pagar impostos a um fiscal muito implacável e de má índole, vindo do Rio Dande, Província do Bengo.
(Clara Onofre). • Ainda na senda da Mitologia Bantu, mormente dos povos Luenas, Ambós e Dongas de Angola, acredita-se na figura de Khalunga (Calunga), como sendo o deus criador e está associado aos fenómenos naturais.
O termo também é utilizado pelos Lundas, Cokwes e Luchazis, para os quais o deus supremo é Zambi (Wikipédia). Particularmente, para o povo do Mbondo Chapé/Fubú não é diferente.
O Imbondeiro do Mbondo Chapé tem mais de 5 metros de altura, é corpulento, impetuoso e, um tanto escondido, existe há mais de 20 anos, é o grande símbolo do Bairro Mbondo Chapé/Fubú.
Segundo contam-se sobre este imbondeiro, nos anos 2000 a 2004 com a vaga dos primeiros habitantes, posembora, o Bairro Mbondo Chapé/Fubú tenha sido fundado em 1999, aproximadamente, por cima da árvore existia uma rádio que emitia sempre notícias, uns não sabiam o dono deste, outros que a árvore tinha um chapéu, um chapéu misterioso semelhante à configuração do imbondeiro, uns, acreditam(vam) que havia conversas na árvore, conversas, cujas vozes e pessoas não se viam, os diálogos aconteciam mais no período da noite.
Dentre os populares também se conta que existiam muitas roupas e trapos dispersos no Imbondeiro do Mbondo Chapé e do Kimbangu (Fubú), comentavam-se que era prendas dos deuses, uns que fosse ritual místico, conhecido por “uanga/feitiço”.
Este mito do Imbondeiro do Mbondo Chapé é semelhante ao mito do Imbondeiro do Kimbangu (Fubú), uma árvore ainda mais imponente, estimo que tenha mais de 100 anos de existência, centrada no meio de um terreno muito espaçoso, sozinha, com raizes colossais, ela e o Imbondeiro do Mbondo Chapé retiram seus alimentos há mais de 20 metros abaixo do solo, dentre água, sais minerais e insectos.
Há quem acredite que o Imbondeiro do Mbondo Chapé é visitado pelos deuses, os deuses da história ambundu, por ser, desde já muito tempo uma árvore venerável, simbólica e que, por respeito aos mitos e lendas angolanas, não deve ser derrubada, como se fez com a árvore mítica da região de Camburi, pelo Velho Kipacaça (in A Morte do Velho Kipaça, de Boaventura Cardoso).
Segundo às massas populares, o Imbondeiro do Mbondo Chapé, apresentava uma sombra chamativa, onde descansavam e acampavam os camponeses que vinham das suas lavras na fronteira do bairro e no outro lado do Patriota, era uma árvore abrigável, esbelta, com troncos cujas múkuas não são bem preenchidas, porém, que alguns apresentam receios de comer do seu fruto devido os mitos populares envolvidos.
O nome “Mbondo Chapé” foi atribuído por razão de a árvore ser de formato de chapéu com palas caídas, idêntico à forma do imbondeiro, cujo alguns troncos têm a espécie voltada para baixo.
A palavra “Mbondo Chapé” vem do Kimbundu, “Mbondo” que significa Imbondeiro, para uns, “árvore”, e Chapé significa Chapéu, a ser assim, Mbondo Chapé significa “Imbondeiro de Forma de Chapéu”.
Não apenas para o caso do povo do bairro em questão, mas o imbondeiro em si é uma das mais imponentes e simbólicas árvores de Angola, está carregada de mistérios, espiritualidade e tradições em toda África, e proporciona ao mesmo tempo alimento, água, medicamentos e abrigo a quem habita em florestas e savanas, e não só.
É por isso que esta majestosa árvore tem um valor cultural e ecológico inestimável, e deve ser valorizada para que as gerações futuras possam usufruir dela também [In Dilma Guilma].
• Esses e outros mitos próprios de cada bairro são muito úteis porquanto contribuem significativamente no enriquecimento cultural e histórico de Angola, “um povo sem mito, sem lenda, sem folclore”, é um povo sem identidade.
Por: MATEUS VUNGE
*Por, Literatura Tradicional, in Os Mitos À Volta do Imbondeiro do Mbondo Chapé. Talatona