A Angola e os Estados unidos vão cimentando, nos últimos meses, um aprofundamento das relações entre os dois Estados em que o interesse comum – embora cada um tenha o seu – é cada vez mais evidente.
Ao longo dos anos, com ênfase para o período da Guerra Fria, quase que não havia aproximação, embora houvesse entre nós empresas petrolíferas norte-americanas que operavam sem quaisquer constrangimentos.
Nem mesmo as fases mais acirradas do conflito armado, em que os EUA puxavam para que as então forças armadas da uNITA chegassem ao poder, esta presença empresarial manteve-se intacta. As autoridades angolanas, por força das razões históricas que vinham desde a luta da independência, encostaram-se aos aliados soviéticos.
Porém, o tempo e os interesses exigiram desde já novos aliados, como se viu com a China, que acabou por financiar maioritariamente o processo de reconstrução nacional depois da paz em 2002.
Quando tomou posse em 2017, para o primeiro mandato como Presidente da República, João Lourenço mencionou, em discurso, a intenção de cooperar com as maiores potências mundiais, mormente as principais economias ocidentais, por sinal porta de entrada para os mercados financeiros que podem ajudar a desenvolver o nosso país.
À semelhança do que acontece com os outros países, Angola também tem os seus interesses, muitos dos quais passam necessariamente pela aproximação aos grandes, tal como o fizeram outros países hoje tidos como em desenvolvimento, ou até mesmo desenvolvidos. A vinda de qualquer responsável norte-americano é sempre analisada como mais um contributo para a melhoria das relações entre os dois Estados.
E a de um Presidente norte-americano, como esteve agora agendado com Joe biden, seria o corolário dos esforços que a própria diplomacia ao longo dos anos foi fazendo. Aliás, não é em vão que até sectores da própria oposição política, da sociedade civil e aspirantes a partidos políticos buscavam um lugar na primeira fila para que pudessem ser convidados.
Agora, não espanta que em coros se observe alguns messias destes tempos modernos cantarem hosanas de que ainda bem que Joe biden tenha adiado a viagem. Afinal, quando se colocam interesses, mui- tas das vezes incompreensíveis, à frente, os da Nação acabam por ser ultrapassados.
A melhoria das relações entre Angola e outros Estados, sobretudo os do primeiro mundo, deveriam ser encorajados. É de lá que se buscam hoje muitas das ferramentas que vão revolucionando o mundo em que Angola também é parte integrante, independentemente de quem seja o Presidente, partido no poder ou organizações da sociedade civil.