Esta semana recebi dois vídeos interessantes, ambos de música. Num primeiro aparecia um jovem angolano num estrado, com uma lata de sumo no bolso do casaco, de microfone na mão, a cantar num ritmo que poderia ser kuduro ou cazukuta.
POR: José Kaliengue
Ele interpretava temas conhecidos com alguma graça, com alguma brejeirice. Ao lado colunas de som e, claro, um Dj a tratar dos bits. Notava-se que se tratava de um concurso. Havia gente adulta presente, a aplaudir, tal como era adulto o Dj. O vídeo termina com uma ovação do público quando o miúdo, com menos de doze anos, diz palavrões (dos bem porcos) insultando as mulheres. Quem mais aplaudiu foram mesmo as mulheres. No outro vídeo aparece um menino, que parece ser europeu, também na casa dos onze, doze anos, talvez menos, tal como o outro, a dirigir uma orquestra de música clássica com uma mestria que faz lembrar Herbert von Karajan. O público no auditório em silêncio, a orquestra bem afinada, o menino, que obviamente tem educação musical de alto nível, enchenos a alma e não precisou de qualquer obscenidade para arrancar os mais vivos aplausos. Pequenos sinais sobre as sociedades de hoje e sobre o futuro.