Estamos em Março, o mês da mulher, é o dia 2 que ainda gera polémica e o dia 8 o internacional que tem direito a feriado e a demonstrações públicas e privadas de quanto as mulheres são apreciadas….
POR: Kâmia Madeira
Pois bem, esta que vos escreve, enaltece todos os contributos de enobrecimento da condição de ser mulher, mas está cansada, sim cansada que seja só no mês de Março e em especial no dia 8. É que vejamos, somos mulheres 365 dias e por mais bonito que sejam programas de rádio produzidos e apresentados só por mulheres e reportagens abordando os desafios que as mulheres enfrentam por terem que conciliar a vida doméstica com a profissional, continuamos a ser a minoria nos lugares de decisão, a auferir salários inferiores aos dos homens, a ter que trabalhar em dobro para provar a nossa competência com a agravante que mulher que se dedica em demasia ao trabalho, tem qualquer tipo de problema, quer competir vestir as calças e mandar. Desde tempos ancestrais que as mulheres ficaram com a responsabilidade de cuidar das crianças e da alimentação e são muitas as décadas em que se enraizaram tais preceitos. Contudo, não podemos continuar a olhar o nosso género como o do sexo frágil, sim há muitas que precisam de apoio e protecção mas há tantas outras que são fortes, batalhadoras, audazes e corajosas, que sustentam as suas famílias, que apoiam os seus filhos e que zungam só para os manter na escola. Há tantas, que querem estudar e ser tudo aquilo que os homens são, ganhando a vida com profissões de risco…. Para quando mulheres taxistas que dão “mbaias” e demonstram perícias automobilísticas? E quando começaremos a ver nas animações princesas que não ficam à espera de príncipes que as venham salvar? Chamar-me-ão feminista, revoltada…. Mas preocupa-me ouvir dizer que a mulher deve ser submissa, sendo as que apenas se dedicam às tarefas domésticas as que mais submissas devem ser para obter respeito, e onde fica a divisão das tarefas? O apoio por parte do cônjuge? Continuamos a perpetuar modelos antigos em que desde tenra idade as meninas ficam com as obrigações domésticas não se exigindo o mesmo aos meninos. Claro está que nem tudo é negativo, vale sim a pena ser mulher como cantou a saudosa Lurdes Van-Dúnem, somos o sustentáculo familiar, somos as que enchem as universidades, as que criam novos negócios, as que diariamente e de forma resiliente enfrentam os fiscais, as que paulatinamente aprimoram as suas competências, as que conseguem ser multitarefa e ainda ter um coração aberto e bondoso. Mas o que pedimos é que não se recordem de todas as nossas mais valias apenas no Março Mulher, que o olhar crítico, masculino e feminino seja transformado em acções concretas para empoderamento e que nos sejam dadas oportunidades para florescer e contribuir cada vez mais de forma efectiva para uma melhoria social. Feliz Março Mulher!