Ao passear pelas ruas da cidade de Luanda, em qualquer bar, barraca ou casa nocturna, é visível a quantidade de donzelas, meninas e jovens do sexo feminino que deambulam em situação de total vulnerabilidade, muitas vezes, a consumirem grandes quantidades de bebida alcoólica, desafiando, inclusive, experientes consumidores de barba rija.
Hoje, meninas de 12, 14 ou 16 aninhos, infelizmente, já têm longos quilómetros de estrada, superando, muitas vezes, verdadeiras profissionais do prazer.
Elas apresentam-se com o corpo semidesnudo, despudoradas, demonstrando disponibilidade total para prestarem serviços carnais, em troca de chavos ou a troco de nada.
Catorzinhas ou mangas de 10, como são vulgarmente denominadas, fazem furor nas noites de Luanda. Culpa-se a fome, a miséria ou a falta de orientação, todavia, muitas delas não são levadas a tais locais pela carência, mas, sim, pelo vício, pela necessidade de satisfação de superficialidades dos tempos actuais, como o telemóvel da moda, a peruca ou as unhas postiças de gel ou acrílicas, associada à desautoridade parental, que se observa amiúde nos dias que correm, tomando o lugar da autoridade paternal, a qual está cada vez mais fragilizada e quase extinta, mormente a autoridade do pai.
Algumas meninas, de colégios caros, de boas universidades, integradas em famílias de classe média e alta, que vivem em centralidades, condomínios privados e até têm direito a viagens periódicas, não dispensam uma orgia ou um mergulho no pecado da promiscuidade.
Ao conversar com algumas dessas meninas, um factor comum é facilmente identificado: a ausência total ou parcial do pai dentro de casa.
Umas porque vieram de outras províncias e estão à sua sorte, em casas de tias que pouca atenção dispensam a elas; outras porque são órfãs e vivem à deriva; algumas porque têm os pais separados. Há, no entanto, raparigas que, apesar de viverem com os pais, não têm a orientação de um pai, por este ser uma figura completamente ausente, permitindo que as mesmas vivam sem qualquer autoridade paternal.
É a si, pai ausente, que esta reflexão se dirige. A si, que tem mais de uma família; a si, que não para em casa por motivos diversos; a si, que tem abdicado do papel de pai e tem-se esquecido das suas responsabilidades no interior do seu lar; a si, que é um pai incompetente.
É a si, pai ausente — que perdeu plenamente a autoridade paternal ou, erradamente, a delega a terceiros —, que esta reflexão se dirige. A autoridade paternal ninguém compensa, é suprema e insubstituível.
Um pai é um soberano, cuja autoridade é única e inigualável. A sua presença deve impor um respeito ímpar, que afugente larápios, sobretudo, de inocência de mocinhas na fase da pré-adolescência e adolescência.
Um pai presente é um guardião fiel do seu lar e das suas filhas, protegendo a sua honra e dignidade a todo o custo, sem medir esforços e sem olhar a meios.
O pai presente protege o seu rebanho dos males e perigos da vida, dos maus caminhos, dos vícios e de marmanjos que pretendem esfregar-se em corpos ainda imaculados de donzelas.
O pai ausente, pelo contrário, expõe o seu rebanho ao matadouro, deixando-o vulnerável a intrujões que ficam à espreita, à espera de uma oportunidade para se apoderarem do mais precioso de uma família: seus filhos e sua honra.
O pai presente tem o direito de estabelecer regras e de se fazer obedecer, de impor limites e de definir metas para as filhas enquanto menores ou enquanto viverem em sua casa. Cabe ao pai presente, que possui tal autoridade, impor as regras e tudo fazer para que não sejam negligenciadas.
O pai que negligencia a autoridade paternal dá azo à falta de respeito, anarquia, desordem e à possibilidade de a filha se tornar numa “manga de 10 descartável”, ou, dito de outro modo, numa “catorzinha” de qualquer papoite desmiolado e sem juízo.
Um pai honrado não deve permitir que uma filha saia quase nua de casa; rachas e decotes exagerados; que traga presentes caríssimos, como o último iPhone ou joias de proveniência desconhecida; que passe longas horas fora de casa, se embriague, fume ou passe a noite na casa de amigos desconhecidos.
O pai tem de ser presente, zeloso e nunca abdicar do seu lar a favor do copo com os amigos, da bebedeira descontrolada, da promiscuidade, dos vícios, das barracas e barracões da desbunda, das sentadas intermináveis e destrutivas.
O pai presente, mesmo pobre, não permite que uma filha menor se torne um petisco pornográfico de tinhosos carnívoros que estão sempre à socapa, à espera do momento certo. A palavra pai é tão forte, que, por si só, limita o intrujão.
Quem nunca tremeu ao ouvir a frase “o pai dela está em casa”? E o pretendente é obrigado a pensar duas ou três vezes antes de ir bater à porta da menina.
Não importa quem seja o pai dela, alto, baixo, magro, caenche ou caniche, se o pai dela estiver em casa, qualquer um vai tremer.
A adolescente não deve sair, sem controlo, de casa à noite, para vadiar ou promiscuir, a presença do pai tem de constituir um empecilho, obrigando a menina a pensar duas vezes sobre a sua intenção.
Um pai ausente fragiliza o lar e torna presas fáceis as meninas de casa. Os salteadores fazem a festa e querem abusar da ausência do pai. Sem desprimor para a importância e empenho da mãe, mas a autoridade do pai é insubstituível e imprescindível.
O pai fala com um simples olhar, uma olhada silenciosa, bem dada, tem de pôr a filha em pânico e fazê-la correr dispersa para rectificar o erro cometido ou desculparse.
O pai deve ser capaz de fazer a filha repensar o mau comportamento sem abrir a boca. Pai, não troque o seu lar pelo bar ou pelas sentadas com amigos, a sua presença é um escudo protector da sua casa, proteja-a com a sua vida. Você é o primeiro guardião, o dissuasor primordial, a primeira defesa, bem como a primeira linha de ataque.
É responsabilidade sua, não apenas gerar, mas educar, cuidar, proteger, ensinar os limites da vida, transmitir valores éticos, morais e religiosos, que constituirão os alicerces seguros e fortes da personalidade das suas filhas, permitindo que elas sejam pessoas preparadas para enfrentar os desafios da vida.
O pai é o cabeça da família, o provedor das necessidades básicas e legítimas, que garante não apenas o material, mas também a protecção e o respeito que a família merece. O pai deve impor e manter a ordem e a disciplina, deve estabelecer limites e ensinar os valores da vida.
Não é admissível um pai não ter a password do telemóvel ou do computador da filha menor, não fiscalizar a mochila da escola e seus pertences, não conhecer as amiguinhas. Um pai não deve permitir que as filhas entrem e saiam à hora que bem-querem, andem à deriva, sem regras e sem limites.
Pai, seja presente, exigente, rigoroso e disciplinador, monitore o uso da internet e das redes sociais, fiscalize o WhatsApp e as mensagens, imponha limites de utilização e horários: hora de estudar, hora de arrumar a casa, hora de ajudar nos afazeres domésticos e hora para descansar.
Não seja permissivo e cego aos indícios suscetíveis de levar a sua filha menor a errar ou a cair nos precipícios da vida sem retorno.
Pai que prefere estar na bebedeira ao invés de cuidar dos seus estará condenado a ver os seus filhos perdidos no mar da desilusão. E tu, estimado leitor, és um pai presente ou ausente?
Por: Osvaldo Fuakatinua