Toda acção humana reveste-se necessariamente de uma intenção e gera consequentemente uma percepção, sobretudo quando os destinatários directos da acção são seres humanos. Porém, existem acções denominadas involuntárias, estas geralmente ocorrem quando o sujeito não tenciona as consequências que resultam da sua acção.
Quando assim acontece, tais actos são classificados moralmente de actos do homem, enquanto que os actos resultantes de acções cuja intenção é previamente deliberada são designados de actos voluntários, também conhecidos como actos humanos. Analisemos a intenção, acção e percepção em Política.
A partida, um princípio essencial para esta análise é a tese-mestra enfatizada pelo ex-presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt, segundo a qual “em política não existem acasos”, ou seja, em política, todas as acções são previamente deliberadas, quer isto dizer que, nada é feito sem ter uma intenção clara.
Tudo é perfeitamente calculado, medido e com um objectivo a alcançar muito bem definido. Logo, o princípio moral da não Intencionalidade é, para já, aqui excluído. Tudo em política é deliberadamente intencional.
O trinômio intenção, acção e percepção nem sempre se combina de forma harmônica em política. Senão vejamos: Se é verdade que a acção política visa a satisfação das necessidades da colectividade, será que esta é sempre precedida de uma intenção sustentada pela mesma pretensão? E a percepção dos destinatários da acção, estará esta sempre em consonância com a intenção dos protagonistas da acção? A resposta para as duas questões é unânime, NÃO! A decomposição dos factores que integram esta fórmula é simples e complexa, paradoxal porque a sua efectivação é, no mais das vezes, também paradoxal.
As acções dos políticos geralmente são contrárias às suas reais intenções, ou seja, a real motivação do político nem sempre é aquela a qual ele anuncia como sendo a que lhe motiva a praticar tal acção, e mais, quase sempre, o discurso anuncia aquilo que não fará, se o fará, não com o resultado que os destinatários acham que terão.
Exemplo: Chinduli, insatisfeito com a gestão das verbas da família, anuncia a pretensão de ser ele o gestor da família. Intenção de Chinduli – gestão transparente das verbas da família.
Manifesta esta intenção aos seus irmãos, e estes convencidos de que seria melhor com Chinduli na gestão, passam as contas bancárias em seu nome. Com as contas bancárias em seu nome, a condição da família piora, dieta alimentar precária, crise profunda na família, e outros problemas advindos da má gestão.
A gestão de Chinduli revela-se danosa, destinando os bens da família para fins pessoais, o que entristece os seus irmãos que o apoiaram, passando as contas da família em seu nome.
Conclusão, afinal a real intenção de Chinduli não era a gestação trasparente das verbas da família, mas sim a ambição pessoal. Intenções, Acções e Percepções em política fazem parte das cartas do jogo.
Quem melhor manipula estas etapas da conduta humana, sobretudo a etapa da Percepção dos destinatários, obtém o poder, que outra coisa não é senão a capacidade de influenciar outrem a pautar por uma determinada conduta, e com esta conduta apoiá-lo, legitimando assim a sua autoridade. Esta é a verdadeira realização do político, Poder e Autoridade.
E toda sua acção visa alcançar este fim… E o perceptor, os destinatários da acção? Estes geralmente são apenas meios para o alcance do real interesse do político.
Porém, diga-se, existem casos de coerência na acção política, onde a intenção, acção e percepção conjugamse na clareza do objectivo real da acção política: O BEM COMUM. Estes políticos foram os que escreveram com penas de ouro as páginas mais brilhantes e ricas dos anais da história da humanidade.
Por: ESTEVÃO CHILALA CASSOMA