Não vivemos, mas ouvimos.
Não sentimos, mas lemos. Não presenciamos, mas estudamos. À guerra, nunca mais.
Às hostilidades, nem pensar.
Capítulo difícil de consultar, aquele em que nas hostes da gloriosa família o vulto tenebroso da morte assombrou os espíritos.
Para estirpar o mal, não mediram-se os meios nem perdeu-se tempo com julgamentos.
Afinal, questionar quem detinha o poder era crime, discordar era sentenciar-se à pena capital.
O que nunca se disse é que, desse jeito, abortou-se o florir da democracia, e o aspiral de um sistema estranho, mais oligarca que democrático, foi ganhando robustez; abortou-se o protótipo da genuína democracia aquela que, a partir de dentro transbordaria para fora e, ao mesmo tempo, implantou-me uma disciplina tão vertical quanto ditatorial.
Esse sistema ajudou a melhorar o país na mesma proporção que o regrediu. Resultado?! Está à vista de todos.
A maneira como são dirigidos os países de África, sobretudo o nosso, Angola, com excepção de alguns, claro, deixa-me em dúvida se temos mesmo IDEIAIS DA NAÇÃO, um padrão de perfeição ou excelência que pretendemos alcançar como país; um fim último e nobre ao qual nos inspiramos a chegar, A GRANDEZA DA NAÇÃO.
Quando se tem ideiais, nos quais todos se reveem, em todas as perspectivas: Cultural, Social, Moral, Ética, Política, Económica, Técnica e Tecnológica, etc., a condução dos destinos da Pátria não se transforma num mero exercício de sobreposição de vontades individuais, com base em decisões esporádicas de auto-benefício, chamando a isto “políticas públicas”, quando no fundo é uma prática de roubo, roubando não só os bens da nação, mas também os direitos, sonhos e muitas vidas de cidadãos.
Os ideiais são o fundamento de qualquer nação robusta e próspera.
Os ideais são os valores ontológicos, acérrimos e inalienáveis de qualquer nação que se quer engrandecer e potenciar.
Onde há ideiais sólidos os partidos políticos não aglutinam o Estado em si, nas suas ideologias e vontades, mas procuram uniformizar as suas ideologias aos ideais da Nação, salvaguardando acima de tudo a REPÚBLICA.
Os ideiais colocam acima de qualquer subjectividade a colectividade, a Nação.
Os ideias estabelecem prioridades, a curto, médio e longo prazo. Os ideias cobram resultados palpáveis.
Os ideias fazem os líderes encarnarem-nos em si, tornando a eficiência na concretização dos mesmos o seu maior objectivo e motivo da sua satisfação e, consequentemente, a sua maior campanha para a (re) eleição. Os ideias tornam a alegria do povo alegria do líder, não o contrário.
Os ideiais são congregadores, unem por inerência os filhos da mesma pátria, sem distinção alguma, em torno de uma conquista comum: estabilidade, paz, bem-estar de todos, progresso e desenvolvimento.
A falta de ideiais torna a Nação vulnerável à políticas e agendas externas, e o povo suscesptível a ser enganado por qualquer dirigente que cria nele o sentimento assistencialista, manipulando a fome, pobreza e miséria, comprando-lhe, quando necessário, o voto que legitima o poder, a troco de bens que seria de direito o seu usufruto; promove-se uma educação débil que o impossibilita a tomada de consciência e consequente exigência permanente dos seus direitos e cobrar resultados da governação.
E, por fim, a falta de ideiais cria conformismo e estagnação do crescimento, pois, o dinamismo progressista fica refém da vontade dos políticos.
Temos mesmo ideiais?
Por: ESTEVÃO CHILALA CASSOMA