Por vezes nos colocamos a apreciar o espectáculo do mundo e nesse exercício, surge sempre algo que é comum em nós humanos, a equitação.
Quando ela surge, sempre traz consigo as dúvidas que de subtido nos fazem questionar tudo e mais alguma coisa. Há alguns dias surgiu-me um questionamento à volta da palavra humildade e sobretudo pelo modo que a mesma tem sido usada atualmente. Muitos dicionários que atribuem vários significados a palavra humilde, que, embora respeite, não concordo.
Modesto e simples de caráter são alguns significados da palavra humilde no dicionário Universal da Texto Editora. Entretanto, o mesmo dicionário acrescenta que o adjetivo humilde também significa submisso, medíocre e misero.
Ora, estes últimos significados, penso estarem a margem do significado que deve ser atribuído esta palavra que representa uma grande virtude humana.
É certo que determinadas palavras, de acordo as circunstâncias, ganham outros significados, mas quando vi palavras como medíocre e misero servindo de significadores de humilde, pus-me a reflectir.
Será que a palavra humilde não cabe as 10 pessoas mais ricas do planeta? Não lhes podem considerar humildes pelo facto de possuir ou conquistar o que conquistaram? Apenas a pessoa sem posses pode merecer este adjectivo? Eu cá prefiro pensar que humildade nada tem que ver com mediocridade ou miséria.
Acredito que ser humilde é reconhecer as nossas valências, os nossos limites. É, de igual modo, reconhecer as valências e os limites do nosso próximo. Ser humilde é, acima de tudo ser humano, é evidenciar a humanidade que há no interior de cada um de nós.
Todos nós com certeza conhecemos pessoas pobres, miseráveis, mas que, de facto, não são humildes! É certo que na ânsia de não ferirmos os ouvidos daqueles que nos ouvem, muitas vezes recorremos à eufemismos para suavizar ou minimizar o impacto das nossas palavras, mas penso que precisamos ter atenção aos aspectos ligados ao empobrecimento da língua e a distorção das palavras.
Sugiro, no entanto, uma utilização adequada da palavra humilde pois, no meu entender, representa uma nobre virtude humana e só deve ser atribuída a pessoas que, de facto, merecem.
E, importa reiterar que, das várias virtudes existentes, a humildade é daquelas nos devolve a humanidade e nos permite apreciar o espetáculo do mundo, ela é a ponte que nos permite alcançar os nossos sonhos e objectivos, é a fonte que faz emergir em nós a empatia e compaixão.
Humildade não é sinónimo de pobreza, humildade é fortuna da alma, é a balança que nos permite tratar o próximo condignamente.