Nem parece, mas já estamos a menos de quinze dias para o Natal. Ou eu ando mesmo perdido no meu mundo pequeno, ou desta vez o Natal está escondido. Ouve-se mais falar de política que de cabazes (isto significa o quê? Já nos esquecemos). As cidades não estão a fazer a festa do Natal, poucas luzes, poucos eventos.
POR: José Kaliengue
Eu não sinto o clima natalício nas ruas. Em Benguela, os preços dos produtos dispararam no mercado, o que significa que os chefes de família se ocupam mais a fazer contas agora que propriamente a gastar com presentes. Aliás, isto de tudo importar, agora sem divisas é que são elas, há pouca oferta, as próprias promoções de Natal são muito tímidas. Por outro lado, parece que a crise levou também a iniciativa, pouca gente criativa mostra alternativas, era época para as soluções manufacturadas fazerem furor, quer em brinquedos, quer em ornamentos.
Se os nossos agricultores e pequenos industriais tivessem mesmo faro para o negócio, poderiam, agora, estar a fazer pequenas fortunas. Um cabaz com produtos da terra e com aquele peixe grosso extraído do nosso mar, seco, estaria a vender como pipocas. Mas talvez eu é que não esteja a sair e a observar como deve ser, vou ficar atento e perceber como estamos de Natal, mas de dia, porque à noite já sei que há mesmo pouca luz.
Há uma vantagem, desta vez as famílias gastarão menos, porque não há nem oferta, nem dinheiro, mas podem orar mais ao menino Jesus, o de antigamente, porque este que certas igrejas trazem agora ainda é capaz de se tornar numa boa venda de Natal. Para os pastores, claro.