Depois de muitos anos em que o futebol feminino em Angola parecia um daqueles sonhos esquecidos no fundo do baú da FAF, eis que finalmente se ouve o apito inicial de uma nova era.
Não, não é mais um plano para “ver se pega”, mas sim uma verdadeira jogada de ataque em direcção à baliza do desenvolvimento.
A Federação Angolana de Futebol parece finalmente ter acordado para a realidade: mulheres também jogam a bola. E jogam bem! A realização de torneios nacionais de formação, como o recente Sub-17, realizado com sucesso no Bié, é mais do que apenas um pontapé inicial, é um grito de golo para o futuro.
Um futuro com mais jogadoras como Solaidy, que marcou o golo do título para a Huíla, ou como Sandra e Tininha, que foram destaques da competição.
Mas, como todo bom jogo colectivo, o renascimento do futebol feminino não depende só da FAF. É preciso que os grandes clubes, esses que já têm camiões de títulos e orçamentos de fazer inveja, abracem de verdade a causa.
Sem competições regulares, sem equipas de formação, o talento fica parado no banco, esperando eternamente pela substituição que nunca vem.
O futebol feminino precisa de ritmo, de jogos, de competição. Precisa ser levado a sério. A massificação tem de ser mais que uma palavra bonita para usar em pomposas conferências.
Precisa estar nas escolas, nos bairros, nas províncias, e por que não? nos estádios onde hoje só se vêem homens.
O jogo está em andamento, e Angola tem agora a bola nos pés. Cabe a todos nós, federação, clubes, treinadores, jornalistas e adeptos, fazer a assistência perfeita para o golo da igualdade e da valorização do futebol feminino.
Porque se há talento nos pés dessas meninas, que o país não seja culpa do por deixar esse talento morrer no banco de suplentes da história.
Por: Luís Caetano