O senhor chegou e foi apresentado aos directores provinciais, entidades religiosas, militares, de segurança, etc. Era novo na província e, obviamente, nem toda a gente tinha a obrigação de o conhecer.
POR: José Kaliengue
Alguns dias depois, resolveu ir verificar com os seus próprios olhos como funcionava o Governo, as direcções. Ou seja, como se comportavam os seus “auxiliares”. Chegou a um direcção e ouviu da secretária que o director provincial estava numa reunião com o governador, que iria terminar tarde e, portanto, qualquer assunto só mesmo no dia seguinte. O governador nem imaginava que afinal estava no seu próprio gabinete reunido com o director provincial que não estava no seu gabinete. O Governador começou a aprender que muita gente vinha a Luanda passar dias “com a família” e o trabalho ficava acumulado. Aprendeu que alguns pegavam no talão de seguro do veículo de função para o colocarem no carro de casa. Aprendeu que os polícias de trânsito eram destratados pelos “bosses”, que até podiam estar a guiar alcoolizados. E aprendeu que os “bosses” e doutores da província não se davam bem com o relógio. Não estavam para trabalhar nos municípios… Começou a tomar medidas. E a reacção são boatos e todo o tipo de invenções e maledicências no Huambo. Tudo isso eu soube por uma professora, com quem não falava há uns cinco anos, que me ligou para saber como estava a correr a greve da classe no resto do país. “Mano, estou em greve porque ganho pouco e sou bem formada, mas há aqui uns que estão mal porque estão a ser obrigados a trabalhar, não estavam habituados”, disse.