Estilística da palavra em duas dimensões: lexical e gramatical

Em primeira instância, temos a analisar que a Estilística da Palavra visa abordar as palavras não de forma unicamente morfológica, sintáctica, semântica ou contextual, conforme se tem feito, mas também de valores expressivos emitidos pelos enunciador no uso das palavras, parte do seu vocabulário.

Neste âmbito, fazemos recorrência ao léxico da língua, no caso portuguesa, para produzirmos os nossos discursos quer orais quer escritos, o que levaria os envolventes neles a terem um repertório linguístico não distanciado do seu estilo comunicativo.

Tendo em conta o Material de Apoio de Estilísitica, organizado e disponibilizado por Maurício (2021, pág. 21), Debove (In Lexique et dictionnaire – Le langage, s/d) defende que há uma maior dificuldade em conceiturar este conjunto de palavras pertencentes que vai formando e incorporando o léxico, o que lhe permitiu apresentar de três modos, que a seguir os abordámos.

A primeira ideia apresentada, como conjunto de morfemas, remete para as unidades significativas mínimas, presas ou livres, podendo ser de classe aberta com acréscimos ou perdas (morfemas lexicais), como o elemento base de uma palavra, o seu sentido fundamental ou de carácter lexical e a sua parte distintiva de pendor semântico; ao passo que os gramaticais são abertos e fechados, como as dez (10) classes de palavras e os diversos afixos.

Para tanto, existem contraditórios quanto a este conceito, na medida em que a construção de uma frase depende de unidades codificadas altas que se combinam com dois ou mais morfemas, isto é, a palavra na sua forma plena, e não de elementos mínimos que a constituem.

A segunda, a que corresponde ao conjunto de palavras, desconsidera a divisão da palavra em formas livres menores, pois o falante precisa dos vocábulos na sua estrutura completa e não das suas formas mínimas para construir sentenças e, consequentemente, resultar em uma produção textual.

No entanto, os utentes da língua devem compreender o léxico como sendo um dicionário abreviados, no qual palavras são organizadas com as suas respectivas classes, seus significados primários e secundários, assim como a usa forma de uso.

A terceira e última, conjunto de unidades ou palavras de classe aberta, aborda o léxico como organização de palavras com sentidos inerentes á sua realidade de uso, não como significados obscuros à representação mental que o falante tem do seu mundo circundante.

Assim sendo, por mais que haja um agrupamento de vocábulos, eles acarretam um sentido exacto que os difere dos demais. No entanto, percebe-se que as palavras gramaticais são vazias de sentido e servem como instrumentos gramaticais para formação de um enunciado coeso e coerente.

Além disso, nota-se que os valores semânticos delas vão dependendo do seu contexto linguístico ou intralinguístico e da sua relação com demais vocábulos presentes na construção frásica.

Por outro lado, estas palavras apresentam diferentes relevâncias nos discuros, como: contextualizar o que se fala , mostrando aos participantes da comunicação o espaço e tempo que ocorre uma situação comunicativa, por meio de pronomes pessoais, demonstrativos e possessivos; substituir ou referir algum elemento no enunciado, constituindo-se anafóricos (nós, pronome não relacionado a 2ᵃ e 3ᵃ pessoas); actualizar os nomes por meio de artigos, pronomes e numerais, e transformar palavras de dicionário em termos da frase; estabelecer a coesão ou ligação fráscia e textual, valendo-se das conjunções. Por outro lado existem as palavras lexicais, também chamadas lexicográficas, aquelas que, mesmo estando fora da frase, despertam na mente uma representação, por terem significação extralinguística que remetem algo que está fora da língua.

Estas palavras são opostas às gramaticias que servem de ligação a outros elementos da frase, pois elas já possuem um significado primário na representação mental do indivíduo.

Estamos conretamente falando dos substantivos, adjectivos, advérbios e os seus equivalentes, bem como dos verbos que indicam acção.

Na mesma senda, estas palavras apresentam um sentido denotativo (literal) como conotativo (figurado) conofrme a situação de uso apresentada nos exemplos a seguir.

O pato de um dos vizinhos comeu todo o farelo. Na festa de aniversário do meu primo apareceu um pato vestido de traje.

Em conclusão, entendemos que as palavras servem também como meio de exteriorização de dados emotivos e estéticos de um ser, bem como das múltiplas possibilidades de sentido daquilo que se enuncia por ele, principalmente de forma implícita.

 

Por: FELICIANO ANTÓNIO DE CASTRO (FAC)

Referência bibliográfica: Maurício, B. (2021). Texto de Apoio de Estilística da Língua Portuguesa. ISCED-Luanda.

 

Exit mobile version