Enfermeiros e professores, como se vê em Luanda e na Huíla, são das classes socialmente mais úteis, poderão ser as primeiras a quebrar o encanto que liga o Governo ao todo dos angolanos.
Terminou o período de graça do novo Governo e já estas duas classes começam a dar sinais de um futuro algo conturbado em termos trabalhistas. Os enfermeiros fizeram sentir, nos últimos meses, a sua determinação em obter as vantagens de carreira que reivindicam. Negam-se, em Luanda, a prescrever medicamentos porque esta tarefa está, por lei, atribuída aos médicos.
Eles sabem que há áreas em que o único profissional de saúde presente é o enfermeiro e esta é uma carta que não deixarão de jogar na sua pressão por melhores salários e condições sociais.
Na Huíla, tradicionalmente um ponto de partida reivindicativa do professorado, esta semana chegou o sinal de que o machado de guerra poderá ser desenterrado, com um sindicato a ameaçar boicotar o início do próximo ano lectivo. Tudo vai depender, agora, mais do que do enamoramento, da capacidade negocial e da verdade com que o Governo falar aos angolanos para prolongar a paz trabalhista e social que temos estado a desfrutar.