O Executivo tem afirmado pretender combater as assimetrias em Angola. Refere-se geralmente aos níveis de desenvolvimento sócio-económico regional, o que não deixa de ser louvável. E absolutamente necessário para a união, paz e estabilidade social no país. Angola não tem razões, dado o potencial de todo o seu território, para ter uma espécie de segregação ou camadas de angolanos de primeira e angolanos de segunda.
Mas a assimetria mais profunda e potencialmente causadora de conflitos insanáveis está a cavar-se à vista de todos. Há uma barreira que se afirma entre as classes sociais muito ajudada pela incapacidade e às vezes inacção do Estado. Ante a passividade do Estado, está-se a semear conflitos para um futuro próximo naquilo que deveria ser o maior factor de igualdade entre os cidadãos: a educação, que deve ser obrigação do Estado.
Os preços praticados por alguns colégios, de meio milhão de kwanzas de propina, por mês, atiram à cara de todos os angolanos a prática de uma espécie de apartheid económico inaceitável. Mais ainda quando os utentes não podem todos justificar legalmente a proveniência de tais proventos. Olhando para o estado das escolas públicas, em contraposição, uma certeza se pode ter: estamos a semear violência.