A primeira vez costuma a ser sempre marcante, muitas vezes se torna inesquecível. Será seguramente marcante e inesquecível a primeira entrevista colectiva de um Chefe de Estado angolano em Angola, no palácio presidencial. Este é um facto que é por si só notícia e motivo de debate. João Lourenço não deu uma entrevista apenas, disse coisas importantes, inaugurou uma nova era, uma nova forma de relacionamento do poder com os angolanos.
O facto de ter sido a primeira entrevista do Chefe de Estado nos moldes em que decorreu, acabou por despertar o interesse do mundo, que a seguiu pela curiosidade sobre o facto em si, mas também pelo interesse nos pronunciamentos. Em Portugal, país com proximidade linguística, cultural e até de consanguinidade, televisões e rádios trataram da entrevista como se de um assunto doméstico fosse, em directo e com comentadores em estúdio, com analistas a seguir.
João Lourenço sinalizou algumas acções de governação já preparadas, quer ao nível interno, quer no diplomático. Fez perceber que a relação com os jornalistas não tem de ser tensa, muito menos de costas viradas. Lourenço fez, ontem, democracia, fez história. Soube valorizar a primeira vez.