É curioso, mas é também pura realidade. Por estes dias, nas redes sociais e por todo o lado, o MPLA está no centro do debate político. Estamos num país saído recentemente das eleições. Falamos de um partido que governa há mais de quarenta anos.
Que governa um país que ainda vai vivendo os efeitos da crise mundial e uma forte crise cambial e de produção. Estamos a falar de sinais de debate interno no seio do MPLA, onde as águas deveriam estar mais do que mansas depois da vitória eleitoral com maioria qualificada.
O que tem isto de extraordinário quando deveriam ser os oposicionistas a reposicionar-se, a debater o que correu mal e buscar outras soluções? Simples: no caso de Angola estamos perante a permanência do MPLA no centro de tudo o que acontece.
O sumiço da Oposição, com a fragilidade que já se sabe que tem, significa uma perda de terreno, porque não revela debate interno e porque não comunica com a sociedade com a força de quem quer governar, tirando a capitalização que a UNITA fez do caso das mortes em Cafunfo e da preocupação com os direitos humanos dos presos. A CASA-CE que prometia ser Governo em 2017 apequenou-se. O MPLA está a marcar a agenda do debate político, sejam quais forem as tensões internas.