A economia é uma ciência essencialmente social, por isso é fundamental o correcto entendimento do impacto de factos sociais e políticos sobre a esfera económica.
Conjuntura e estrutura são dois temas permanentemente presentes na discussão sobre a economia internacional e/ou economias nacionais, agudizando, por si só, a pertinência da sua real compreensão e distinção.
Conjuntura refere-se aos ciclos económicos e políticos de curto prazo, enquanto a estrutura prende-se aos ciclos de médio e longo prazo. Logo, geralmente, uma mudança estrutural implica várias mudanças conjunturais, ao passo que as mudanças conjunturais são susceptíveis de ocorrer sobre a mesma base estrutural.
Uma das principais características da economia é a instabilidade, sendo que a sua ocorrência regista-se por via dos movimentos alternados de expansão e de contração, cuja intensidade e duração é bastante variada (nunca num padrão suave e contínuo).
Pelo que, existe sempre a possibilidade de um país beneficiar de vários anos de expansão económica e de prosperidade, tal como ocorrido em Angola na “mini-idade” de ouro da sua economia (2002 – 2008), podendo o mesmo período ser seguido de uma recessão e de uma crise financeira ou, em raras situações, de uma depressão prolongada.
As fases de expansão e de contração da actividade económica constituem os ciclos económicos típicos das economias de mercado. Em regra, um ciclo económico corresponde a uma oscilação do produto, do rendimento e do emprego nacionais totais, com uma duração habitual de 2 a 10 anos, caracterizada pela expansão ou contração generalizadas de muitos sectores da economia.
A periodicidade dos ciclos de crescimento pode ser de curta, média ou longa duração. Na fase de prosperidade e/ou expansão, o produto total da economia cresce seguido de incrementos dos investimentos, empregos, rendimento e consumo.
Por sua vez, na fase de recessão ocorre exactamente o oposto. Ou seja, verifica-se uma diminuição do produto nacional, dos lucros e do rendimento real e um elevado aumento da taxa de desemprego, levando várias famílias a perderem a sua principal fonte de rendimento.
Sendo que, no curto prazo, pode-se mensurar o crescimento económico através dos indicadores de produção industrial; do nível de emprego e de rendimentos médios e marginais do trabalho; da formação bruta de capital fixo ou dos investimentos; do volume de vendas a grosso e a retalho; do volume das exportações e das importações; do volume de crédito, entre tantos outros.
Os indicadores de conjuntura são um grande número de variáveis económicas, que se encontram múltiplas e complexamente relacionadas, nomeadamente: produção, stocks, população efectivamente empregada, taxas de juro, receitas e despesas públicas, dívida pública, taxa de formação de capital, rendimento nacional e índices de preços, etc.
Sendo que a análise conjunta das flutuações desses indicadores dá um panorama da real situação económica enfrentada pelo país. No plano microeconómico, por um lado, o comportamento individual dos agentes económicos e das famílias altera a procura em resposta das suas decisões relativas à proporção dos seus rendimentos destinada ao consumo, à poupança e/ou ao investimento.
E, por outro lado, as decisões dos empresários relativametne à afectação dos seus excedentes económicos (lucros), principalmente a parte destinada directamente ao circuito produtivo (investimentos), interferem tanto sobre a oferta de bens e serviços quanto sobre a procura por trabalhadores.
Por sua vez, no plano macroeconómico interno, a condução da política económica por via da tributação (receita fiscal) e da política fiscal e cambial, impacta tanto a produção e a procura total quanto, consequentemente, o nível de emprego.
Além dos juros, impostos e taxa de câmbio exercerem papel preponderante na formação do nível de preços, também funcionam como sinalizadores no processo de tomada de decisões dos agentes económicos, uma vez orientarem definições relacionadas à produção, investimentos, consumo e poupança, exportações e importações, entre outros.
Não obstante grande parte das variáveis macroeconómicas flutuarem conjuntamente, fazem-no em ritmos distintos. Dito de outro modo, variações na produção de bens e serviços estão estreitamente correlacionadas com alterações na utilização da força de trabalho; verifica-se um aumento da taxa de desemprego quando há um declínio do Produto Interno Bruto (PIB) real, verifica-se um aumento da taxa de desemprego quando as empresas decidem reduzir a produção.
Apesar da geração de emprego ser fundamentalmente explicada pelo nível de investimento, o nível de actividade económica e, consequentemente, o grau de utilização da capacidade produtiva instalada depende estreitamente do nível de ocupação da força de trabalho, que, por sua vez, são condicionados pelo comportamento da procura agregada.
Por: WILSON NEVES
*Economista