É verdade que uma vida não se paga com outra, não se substitui. Mas o sentido de justiça da sociedade começa cada vez mais a exigir a reposição da pena de morte em Angola. A sociedade, pelo menos boa pare dela, não gosta da ideia de que quem cometa assassinatos hediondos continue vivo e livre.
Por: José kaliengue
Sente como se se tratasse de uma afronta aos que perderam os seus. Mas a lei é a lei, o que não quer dizer que seja inalterável. Ontem, ouvindo a rádio, soube que um pai, no Lobito, drogara a filha, ainda na puberdade, com medicamentos, para a seu bel prazer abusar sexualmente dela.
Desta vez errou na dose e a menina morreu. Ouvi uma senhora, revoltada, a dizer que os homens não entendem a dor que isso causa porque não carregam uma vida dentro deles durante nove meses.
Para as mães, um crime assim é absolutamente intolerável. Mais cedo, chegara-me o áudio com as vozes dos jovens detidos e acusados de terem morto outro jovem, Maju, que deixou viúva e órfãos.
A frieza na execução e a premeditação e preparação do crime fizeram com que algumas pessoas com quem me cruzei perguntassem se não está a fazer falta a pena de morte.
Sobretudo porque crimes semelhantes e com motivações parecidas sem vêm repetindo, dando a ideia de serem crimes de mimo, ou de vaidade, que envolvem jovens narcisistas, egoístas, que lidam com muito dinheiro e que sabem que a justiça não os fará pagar na mesma moeda e nem os deixará apodrecer na cadeia até à sua morte.
O presumível orquestrador da morte de Maju, curiosamente, não foi o primeiro protagonista de acção semelhante, perante as câmaras, dizer que só falaria com ou ao seu advogado. Teria pensado no crime até este pormenor?