Angola e os Estados Unidos viveram durante anos uma espécie de amor e ódio. Apesar dos bons momentos que se assiste, é preciso recuarmos no tempo para relembrarmos o que ocorria sobretudo na fase da guerra fria.
Na época da guerra fria, cujos resquícios ainda se fazem sentir nos dias de hoje, Angola vivia sob a capa da então segunda potência União Soviética, ao passo que os Estados Unidos apoiavam ferozmente a UNITA e o seu braço armado, as FALA, num esforço titânico para afastar o MPLA do poder, o que não veio a acontecer.
Com o passar dos anos, as relações entre Angola e os Estados Unidos foram melhorando consideravelmente, não obstante as vicissitudes existentes, muitas das quais ancoradas em denúncias feitas por muitas organizações políticas e da sociedade civil sobre a suposta violação de direitos humanos e falta de democracia.
Após o reconhecimento do Estado angolano pelas autoridades americanas, durante a era Bill Clinton, a tendência foi para o melhoramento das relações, uma situação que, verdade seja dita, acabou não sendo bem vista em muitos sectores.
Recordo-me de insistentemente, ainda nesta década, ter ouvido e visto políticos críticos ao partido que sustenta o Executivo de inúmeras vezes terem dito, quando não se sentissem confortáveis com qualquer decisão, que se iriam queixar aos americanos.
Daí, feliz ou infelizmente, vermos no passa- do autênticas romarias ao Departamento de Estado norte-americano e outras instituições locais, como o Congresso e o Senado.
A verdade é que houve, sim, uma mudança radical no relacionamento entre os Estados Unidos e Angola. Antes na fase em que José Eduardo dos Santos ainda dirigia o país, consolidando-se agora com a entrada em cena de João Lourenço no comando dos destinos do país.
Ainda estão presentes e gravadas muitas das intervenções e escritos sobre a visita que o Presidente João Lourenço fez à Casa Branca, onde se reuniu com o Presidente Joe Biden e altos responsáveis e quadros do Estado norte-americano para a melhoria e intensificação das relações entre os dois países, sobretudo nos campos económicos de que tanto carecemos.
Mais do que ganhos para o país, há quem erradamente preferisse ver somente como ganhos de quem preside o país. A actual aproximação entre angolanos e norte-americanos são, na verdade, caminhos que estão a se repercutir nos investimentos deste último país em Angola.
E a conferência de negócios EUA-África, no próximo ano, será uma prova do que vai sendo semeado há alguns anos. Por mais amargo de boca que possa causar, devemos todos dar um Welcome, Mister Biden, a esta primeira visita de um Presidente dos Estados Unidos da América ao nosso país. Uma proeza a ser alcançada neste segundo mandato do Presidente João Lourenço.