Fosse outrora, certamente que veríamos carros alegóricos, funcionários públicos e outros que operam no sector privado trajados a rigor em direcção ao Largo 1.º de Maio em Luanda.
Era lá onde, durante largos anos, a essa hora ecoariam, com algum fervor, as palavras de ordem e os recados aos chefes para a criação de condições que pudessem proporcionar a melhoria da vida dos trabalhadores. Porém, como se soe dizer, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.
Há muito que se anda distante daqueles tempos dos desfiles. E do 1.º de Maio, na zona com o mesmo nome, quase que só ficou a recordação, principalmente numa fase em que persiste uma greve de trabalhos que se espera que termine o mais rápido possível. Para este ano, por mais optimismo que exista, não se vislumbra sequer que ocorram grandes manifestações dos trabalhadores.
Aliás, houve mesmo quem já tivesse avançado que os sindicatos iriam protestar usando outras formas. A batalha por um novo salário mínimo tem sido a causa que fez com que o Executivo e algumas centrais sindicais ficassem de costas viradas.
A proposta inicialmente apresentada, de mais de 200 mil Kwanzas para salário mínimo, acabou criando ainda mais crispação, uma vez que do lado das autoridades se acredita piamente que não exista, nesta fase, condições para que se suba até este nível.
Inicialmente, parecia ser irredutível a proposta. O que se escuta hoje é que os sindicatos também já vão manifestando – ou manifestaram – o desejo de ver reduzido para um valor inferior, aguardando-se que se chegue porventura a um consenso nos próximos tempos, se possível ainda em Maio, que é o mês do trabalhador.
No comunicado em alusão ao dia 1 de Maio, feito ontem, o MAPTSS afirma que o Salário Mínimo Nacional é “um dos objectivos do executivo angolano” e que acontecerá a curto prazo, realçando o seu empenho “em melhorar as condições laborais e sociais”, destacando algumas medidas já implementadas para a melhoria das condições sociais dos funcionários públicos.
O Executivo reafirmou o seu compromisso em assegurar contactos entre os representantes do Governo, dos empregadores e dos trabalhadores, com vista a encontrar soluções equilibradas quanto às condições, relações e rendimentos de trabalho.
Para já, está assegurada a continuidade da implementação do Roteiro para Nova Arquitectura Remuneratória na Administração Pública (RINAR), numa perspectiva de instrumento apto para a melhoria da prestação dos serviços públicos aos cidadãos, através da valorização dos funcionários públicos”
. Por isso, seria bom que ainda este mês se pudesse encontrar os entendimentos necessários para que todos, em uníssono, gritassem bem alto:Viva o 1.º de Maio!