Quem dera se as ruas da cidade capital e o trânsito em muitas das suas artérias fossem tão fluídos como no dia de ontem, terça-feira, 28. Claramente, o que se viu ontem foi algo atípico, influenciado sobremaneira por aqueles que preferiram não sair de casa e muito me- nos passar pelos constrangimentos que a chuva causa com regularidade na capital do país.
Sempre que São Pedro dá o ar da sua graça, são inúmeros os problemas de alagamento, derrube de árvores, desabamento de infra-estruturas e, acima de tudo, o congestionamento infernal numa das principais avenidas do país, a conhecida Fidel de Castro Ruz ou, se preferirmos, via expressa. Fosse naquela fase em que os misticismos imperassem, diríamos a esta hora que existirá alguma sereia que na época chuvosa tem preferência em permanecer em determinados pontos da referida via, que há muito se esperava poder ser uma zona de escape para os que habitam entre os municípios de Belas, Viana e Cacuaco.
Actualmente, a via está a receber obras que já evidenciam o seu alargamento, assim como o possível ordenamento dos congestionamentos e outros problemas provocados pelos taxistas, mototaxistas e até mesmo empresas que efectuam serviços de transporte público. A cada dia que passa, homens e máquinas dão essa perspectiva, o que muitas vezes já se pode sentir, no tempo seco, esperando-se que estas melhorias facilitem a circulação dos automobilistas e facilitem a vi- da dos passageiros.
Agora, o que dizer do tempo chuvoso? Claro está que uma chuva miudinha pode não criar grandes alvoroços, mas as que vão caindo sem qualquer piedade nos últimos dias deixam quase sempre a nu as fragilidades que existiram na construção da chamada via expressa. Lembro-me do que me disse, há alguns anos, o engenheiro José Paulo Nóbrega, o homem a quem foi confiado o acompanhamento para a finalização do Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto, recentemente inaugurado pelo Presidente da República, João Lourenço. ‘É importante que se faça uma auditoria às estradas do país’, disse, na altura.
A construção civil é um dos principais sectores utilizados durante a fase dourada do país para se praticar verdadeiros actos de corrupção e desviar dinheiro para o exterior. A Universidade Católica fala em biliões de dólares, cifras essas que engordaram os bolsos de alguns que se passeiam pelo país e na diáspora, enquanto as estradas foram feitas com materiais impróprios, com projectos de copypast, com pouco tempo de vida útil, tal como se provara, por exemplo, num dos banquetes que eram servidos pela TPA.
E a via expressa, sobretudo em tempos de verdadeira chuva, dá indícios disso mesmo, nas áreas do Kikuxi, Kifica e Cidade Universitária, como se os técnicos que a construíram não soubessem que se terão fechado alguns pontos de passagem de água. Por isso, nem que se encerre por algum tempo, é imperioso resolver o problema, que vai criando sérios dissabores sempre que chove aos milhares de cidadãos, muitos dos quais esperavam uma viagem rápida numa via expressa, mas que se torna, a qualquer chuvisco, lenta.