Nesta fase do ano, o acesso aos vários níveis de ensino torna-se um dos maiores problemas. A falta de vagas em determinadas instituições sobrepõe-se à vontade dos encarregados a nível do primário e secundário, embora o Executivo tenha, nos últimos dias, avançado a construção de um número significativo de salas de aula.
Nas universidades públicas, a situação torna-se a mesma. A diferença entre o número de candidatos e as vagas existentes chegam a ser assustadoras. Por exemplo, na universidade Agostinho Neto, em Luanda, existem pouco mais de 5 mil vagas para mais de 15 mil candidatos, sabendo-se desde já que os excluídos deverão, caso não queiram ficar em casa, procurar refúgio nas universidades privadas.
São sobejamente conhecidos os cursos que atraem mais jovens. Medicina, direito, enfermagem, engenharias e economia figuram entre aqueles que acabam por ser mais procurados. Para muitos se trata da realização de um sonho há mui- to desejado, mas também há os que vêem nestes cursos a porta para satisfação de interesses pessoais, num curto espaço de tempo, isso se olharmos para as supostas referências que fazem com que se olhe para estas ofertas como as mais viáveis.
Quem olhou para o número de candidatos chamados por exemplo pela Universidade Agostinho Neto deve-se ter apercebido de que existem outros que nem sequer constam das prioridades. E há até vagas que podem ser preenchidas sem as exigências de outros cursos.
É caricato que muitos não se tenham apercebido que, recentemente, um dos responsáveis do Instituto Superior de Hotelaria e Turismo, da Universidade Agostinho Neto, tenha dito que a sua instituição é aquela em que não há casos de formandos que ficam sem postos de trabalho no final.
Em outras palavras, num país em que o desemprego é hoje apontado como sendo uma das maiores dores de cabeça, nesta escola de turismo os estudantes recém-formados acabam recruta- das quase à porta pelas principais cadeias hoteleiras, restaurantes, resort e outros empreendimentos turísticos.
Não creio que muitos estudantes tenham tido acesso às informações que os responsáveis de tal instituição avançara aos órgãos de imprensa. Se assim fosse, cremos que não haveria este descaso em relação às vagas nesta importante unidade que forma experts em turismo, a conhecida indústria da paz e uma das principais portas para a diversificação da economia no país.
É imperioso que se mostrem também a muitos jovens as várias opções que o mercado oferece. Claro está que para muitos é imperioso que se formem naqueles cursos que desde cedo desejaram, mas há outros que nem sequer conhecem a vocação. E acabam por desperdiçar as melhores opções para que se tornem bons profissionais e mais realizados, sobretudo num país em que se conseguir um posto de trabalho tornou-se para muitos um verdadeiro desafio.