Professor de excelência, o ambientalista e médico veterinário João Serôdio, que perdeu a vida há quatro meses em Lisboa, era um verdadeiro ficcionista.
Em textos que escrevia neste jornal, um dos mais marcantes foi ficcionar a conversa que ocorreu um dia entre habitantes de duas províncias que tinham surgido da divisão do Moxico.
Embora não tivesse acertado no nome da nova província – o que é compreensível, porque isso dependeria de um estudo aturado e auscultação das suas gentes – os desejos de que um dia viesse a ocorrer uma nova divisão administrativa vem há muito tempo.
O Moxico vai, a partir de Janeiro de 2025, estar repartida em duas, tal como um dia o malogrado preconizava nas suas crónicas. Uma parte deverá conservar intacta o nome inicial e a nova Kassai Zambeze.
Mas, além desta província, o Cuando Cubango, que à luz da debatida Nova Divisão Político-Administrativa também mereceu o mesmo destino.
Aliás, quem calcorreia o referido território compreenderá que o manter como um só tem sido uma tarefa difícil para as autoridades.
Porém, além destas duas províncias, Luanda também foi incluída no pacote nos últimos dias, tendo ocorrido a sua divisão em duas províncias, surgindo desta a nova província de Icolo e Bengo.
Com isso, em Janeiro de 2025, tal como avançado ontem pelo ministro da Administração do Território, Dionísio da Fonseca, Angola passará a contar com 21 províncias, mais de 200 municípios e 378 comunas.
Há, entretanto, o incremento de mais três províncias, mais de 60 municípios e agora 518 comunas.
Das explicações dadas, as províncias do Moxico e Cuando Cubango sofreram divisão por conta da extensão territorial, uma situação quase inegável para muitos, tal como se viu nas auscultações feitas há alguns meses.
Já Luanda, que agora reconverteu antigos municípios que haviam passado para comuna para o estado anterior, o surgimento de uma nova província na sua divisão ainda é alvo de inúmeras explicações e especulações.
Algumas comunas e distritos também foram transformados em municípios e espera-se agora que desta forma se possa fazer mais.
O ministro Dionísio da Fonseca diz que a divisão nasceu de uma avaliação profunda, porque a passagem de algumas comunas poderia facilitar o acesso aos recursos e, igualmente, impulsionar as acções para um melhor desenvolvimento destas circunscrições.
Dentro de alguns meses – ou até anos – esperasse que esta nova divisão dê os frutos necessários e que os luandenses e os cidadãos das demais províncias novas possam certificar-se de que, afinal, valeu a pena, porque os 9,6 milhões de pessoas na capital e quase todos no casco urbano já têm sido um enorme desafio.