As imensas potencialidades agrícolas de Angola há muito que vão sendo enunciadas. Tanto pelos cidadãos nacionais, assim como por aqueles que visitam o país pela primeira ou mais vezes. Não há quem pise em solo angolano e não se sinta encantado com a quantidade e a qualidade de terras aráveis, os rios, lagos e lagoas e outras condições climatéricas que podem – se bem aproveitadas – colocar Angola nas posições cimeiras entre os principais produtores de cereais, tubérculos, citrinos e outros produtos.
Durante anos, foram vários os projectos gizados que visassem tal propósito. Muitos deles desenhados com régua e esquadro em gabinetes e por assessores, alguns dos quais pagos a preço de ouro, mas nem por isso conseguiram dar aos angolanos o esperado conforto em termos de segurança alimentar, embora existam neste momento alguns produtos que o país já consegue produzir e exportar até.
Há quem diga que a beleza dos projectos, muitos deles apresentados com pompa e circunstância, não casava com aquilo que acontecia realmente no terreno. Onde, infelizmente, viu-se ao longo dos anos o Estado angolano a enterrar centenas de milhões de dólares em fazendas e iniciativas cuja produção contrasta com o que se avançava quando foram gizados.
É por isso que, a dado momento da nossa história, vimos projectos financiados até pelo Banco de Desenvolvimento de Angola que mais se pareciam virados para o turismo, fugindo os propósitos que ditaram tais financiamentos. A falta de acompanhamento, por exemplo, terá contado muito para o insucesso de muitos destes projectos, algo que parece ter sido invertido nos últimos tempos.
O regresso de Isaac dos Anjos ao Ministério da Agri- cultura e Florestas vai devolvendo uma certa vitali- dade ao sector. Longe dos gabinetes, o actual titular vai se desdobrando pelo interior no sentido de devolver a alguns de muitos supostos elefantes brancos a utilidade que deles se esperava desde o início.
É vê-lo de calças jeans, botas e chapéus calcorreando determinados projectos agrícolas, ou seja, mais do que os discursos, o ministro vai procurando constatar “in loco” o que ainda há para se recuperar e dar a possibilidade de algumas destas infraestruturas poderem servir para alavancar ainda mais o sector agropecuário.
Quando foi empossado, novamente, para o cargo de ministro da Agricultura e Florestas, o governante deixou claro que um dos seus maiores desejos passava pela aposta na melhoria da qualidade dos produtos do campo, assim como a necessidade de se discutir o conceito de segurança alimentar para o país.
E mais do que palavras ou papéis, a partir de um confortável gabinete, tem sido no campo onde se vai dando estes passos pelos vistos.