Sempre que leio informações sobre os desfalques feitos ao país, pergunto-me o que os delapidadores do erário público fazem com os milhões de dólares que amealharam de forma fraudulenta.
Em tempos, um estudo da Universidade Católica de Angola apontava para mais de 100 bilhões de dólares o dinheiro retirado através de obras de construção civil, muitas das quais em pouco tempo de uso encontram-se praticamente danificadas.
É provável que entre nós existam alguns Robins Hood, aquele personagem que através do dinheiro furtado ainda estejam a fazer alguma coisa pelos mais carentes, sobretudo aqueles que mais necessitam de apoios em vários domínios.
Mas, a verdade é que parte significativa dos milhões e bilhões roubados ao Estado acabaram transferidos para o exterior, em paraísos fiscais e não só, para alimentar uma vida extravagante de muitos destes nossos ricos, a custa do sofrimento de milhares de angolanos, que se viram privados até hoje de água, educação, saúde, energia electrico e outros serviços.
Normalmente, os que mais se interessam em cuidar destes mais necessitados são aqueles que têm pouco ou mesmo que tenham muito nunca o fizeram retirando do Estado. Graças ao trabalho árduo que estes fazem, investindo em Angola, ainda lhes resta tempo para se interessarem pelas comunidades que os cercam.
E identificam-se como parte delas, razão pela qual buscam soluções para os seus problemas, incluindo aqueles mais críticos. No último sábado, por conta do Fórum de Negócios e Conectividade, organizado pela Medianova, pude visitar as instalações do Grupo Unionin, na Humpata, província da Huila.
Foi lá que conheci o mais Velho Fernando Gomes, um caluanda do Bairro Operário, mas há muito radicado nesta parcela do país.
Num local em que muitos podem achar que não há nada, Fernando Gomes é parceiros fazem nascer a esperança de dias melhores para centenas de crianças e jovens que um dia poderão estar entre os mais destacados deste país.
Através da educação, ministrando aulas de alfabetização, em português e nyaneka humbi, inglês e português, crianças e adolescentes têm aulas gratuitas com professores experimentados, assim como formação no domínio da agropecuária para um dia estes se puderem dedicar devidamente à vida do campo.
Além da aulas, as dezenas e centenas de rapazes e raparigas têm direito a alimentação, incluindo os seus progenitores. Assim muitas das crianças não têm que ir cuidar do gado e deixar de lado a formação acadêmica.
É provável que hoje muitos dos rapazes – até seus progenitores- não têm noção da sorte que tiveram em cruzar com o Mais Velho Fernando Gomes. Mas quando crescerem, um dia destes, saberão o quão precioso foi terem cruzado o caminho do empresário mecenas. A quem desejamos um abraço para que inspire outros angolanos a apostarem no próprio país e a repartirem o pouco que conseguiram na vida.