Sempre que se referissem a Angola em finais dos anos 90 e princípio de 2000 a palavra corrupção estava sempre associa- da. Vezes sem conta, o país era apontado como sendo um dos que essa prática tinha atingido níveis estratosféricos. Era assim que a Transparência Internacional e outras organizações como a Global Witness, Human Right Watch mostravam o que se passava no país.
Por mais que se discordasse do que se publicava, havia sim fortes indícios de que a corrupção chegara a um ponto em que era necessário colocar um travão. É que, além da grande corrupção, aquela que saqueou os cofres do país e construir uma plêiade de milionários sem suor para mostrarem os luxos que hoje exibem, há também uma outra espalha- da nas instituições de maior ou menos grandeza.
A conhecida gasosa, que ainda se faz sentir em determinadas instituições públicas e até privadas, não deixa de ser também uma forma de corrupção que se disseminou a quase todos os cantos e os seus males continuam por aí.
Quando se quer atingir apenas os governantes, por supostos actos que possam indiciar práticas corruptas, do outro lado estão os pequenos esquemas com que lidamos todos os dias. A velha máxima de que o cabrito come onde está amarrado é, por si só, uma prática nefasta à semelhança de muitas outras que devem ser combatidas.
Infelizmente, nos tempos que correm, ainda se nota nas acções que evidenciam uma tendência de se acreditar que se pode pilhar aí onde se está. Aliás, as informações que se publicaram sobre o roubo de medicamentos no novo hospital municipal de Viana, ‘Bispo Emílio de Carvalho’, são a prova de que muitos ainda funcionam com a velha lógica de que o cabrito tem de necessariamente comer aí onde está amarrado.
A aprovação de uma estratégia de combate à corrupção assenta como uma luva para ainda se poder inverter o quadro que se assiste em certos locais. Dada a própria natureza humana, é líquido que em qualquer sociedade haverá sempre indícios de corrupção, seja ela em maior ou menor escala.
Ainda assim, há que se ter esperança de que se possa inverter a situação, baixando a corrupção para níveis insignificantes. Normalmente, é nas lideranças, políticos e empresários onde se acre- dita estar o ponto alto deste mal.
Mas o facto de o Executivo querer apostar na educação, espera-se que desde os mais novos, poderá fazer com que amanhã tenhamos funcionários e responsáveis que não tenham que recorrer às práticas nefastas que até nos envergonham.