Tal como se previu há alguns dias, a Lei que visa penalizar os actos de vandalismo foi amplamente discutida no Parlamento.
Com os habituais prós e contras, a verdade é que não se pode menosprezar o estado em que as coisas chegaram no país, comprometendo seriamente o seu desenvolvimento.
Todos os dias, registam-se actos de autêntica sabotagem, onde até os prevaricadores nem receios mais têm. Prefiro escrever prevaricadores, porque há dias havia ficado a promessa do maior partido da oposição, através do seu porta-voz, que iriam se bater para que denominação da lei seja aprovada, porque os angolanos não são vândalos.
Porém, num leque de mais de 30 milhões de habitantes, nomes até podem faltar para se classificar alguém que em sã consciência suba num poste de alta tensão para furtar o cabo, completamente ligado, ao ponto de até encontrar a morte, como ocorreu esta semana em Viana.
Apesar de todas as explicações que possam ser dadas, chegamos a um ponto em que é necessário que se altere o quadro.
A julgar pelas informações avançadas ontem, no Parlamento, só nos últimos tempos foram furtados mais de 9 mil metros de cabos eléctricos, mais de duas mil tampas de sarjetas e vandalizados 70 postos de alta tensão.
A lista de bens destruídos inclui igualmente cerca de 30 condutas de água que deveriam servir a todos, mas um grupo restrito de cidadãos se serve delas para comercializar o precioso líquido, assim como painéis solares.
Não deixa de chamar a atenção o facto de mais de 170 autocarros também terem sido vandalizados pelos próprios cidadãos, sobretudo numa fase crítica em que os transportes públicos ainda continuam a ser uma autêntica dor de cabeça para os próprios governantes.
Acreditamos que nesta lista não estão inseridos outros bens que regularmente são furtados das empresas e instituições públicas, algumas vezes até pelos próprios funcionários, como vimos, recentemente, em notícias divulgadas pelos principais órgãos de imprensa.
Por isso, por mais que não se concorde com as duras penalizações – e se apregoe a necessidade de uma maior formação das pessoas e a elevação do nível de educação – ainda assim não se pode cruzar os braços.
Caso contrário, um dia acordamos e a vandalização será uma actividade oficial por omissão do próprio Estado perante o estado de coisas que vivemos.