Com o seu congresso aprazado para o próximo ano, a JMPLA vai ensaiando por estes dias a eleição dos seus novos secretários provinciais, por conta de uma directiva do partido que obriga com que alguns responsáveis não se mantenham em duas funções respectivamente. Mas também já dá para se sentir o que virá a acontecer quando forem colocados à prova aqueles que possam vir a concorrer para o cargo máximo desta organização juvenil.
Longe dos tempos em que lá passaram nomes como os de Boavida Neto, Paulo Pombolo e o malogrado Sérgio Luther Rescova, não há dúvidas de que hoje a organização está há anos luz dos seus tempos dourados.
É que depois de ter vencido Domingos Betico, num pleito disputadíssimo, desde os bastidores às urnas, esperava-se que Crispiniano dos Santos pudesse guindar a organização juvenil dos camaradas quiçá aos momentos marcantes da era Rescova. Para mui- tos, quando o seu nome foi apresentado, houve quem visse nele um delfim do antigo responsável da JMPLA, a julgar até pelos apoiantes que eram, no passado, indefectíveis do jovem governador já falecido.
Os anos se foram passado, a esperança que alguns depositavam no jovem secretário foram esmorecendo. Há quem diga que tenha faltado algum apoio interno, o que terá resultado num adormecer de ideias e projectos, nem mesmo aqueles que no passado eram os mais marcantes, mas ainda assim é ponto assente que a imagem de marca de Crispianiano dos San- tos não resultou.
Aliás, apesar da vitória que o seu partido teve nas eleições de Agosto do ano passado, que guindaram o Presidente da República, João Lourenço, a um segundo mandato, ainda assim o papel do viveiro do partido nas principais praças eleitorais esteve muito aquém daquilo que se esperava.
O caso de Luanda, onde durante os últimos anos aumentaram significativamente os grupos de pressão, a maioria dos quais anti-Executivo, deu uma mostra de que a JMPLA tem estado dissociada destes. Há quem até acredite que esteja a ser difícil penetrar no seio desta juventude irreverente, que precisa obter da organização juvenil cooperação com uma liderança que fosse ao seu encontro e que pudesse junto das estruturas principais do MPLA e do próprio Executivo encontrar mecanismos para se sanar as principais dificuldades que os jovens vivem.
Por estes dias, sem muita apreensão, teremos à disposição muitas entradas, com a eleição de novos secretários provinciais. Com alguns nomes novos e outros, se calhar, antigos que se preparam para florescer nas hostes do maior partido do país. Aquele que, por sinal, governa Angola desde a sua independência e deverá completar meio século nos próximos dois anos.
O prato principal está mesmo reservado para o próximo ano. Aí sim se saberá que caminhos o próprio partido no poder quer destinar aos jovens e quem será a sua escolha como interlocutor para os próximos desafios, numa sociedade cada vez mais desafiante. Não poderá ser, certamente, um gago e muito menos quem não tenha sequer capacidade de ir ao encontro daqueles grupos mais críticos. Nem tão pouco quem se deixe estar em hossanas ou apenas repetições de discursos do seu líder. É preciso muito mais.