Afinal, quem são os contrabandistas de combustível? É uma questão que, à medida que o tempo passa, vai carecendo de algumas explicações, mesmo depois de inicialmente se terem avançado algumas suposições em relação aos potenciais envolvidos.
Depois do pedido de socorro do governador do Zaire, Adriano Mendes de Carvalho, aquando da visita do Presidente da República, João Lourenço, a esta província, dias depois, o general Francisco Pereira Furtado havia dito que havia oficiais das Forças Armadas e outros da Polícia Nacional envolvidos neste esquema que lesa grandemente o país. Estas afirmações, que terão caído como um balde de água fria aos supostos envolvidos, fizeram com que se fizessem várias conjecturas.
Houve quem apontasse o dedo somente a polícias e militares, ao passo que outros acabaram por ir mais longe. Durante o discurso sobre o Estado da Nação, na Assembleia Nacional, o Presidente da República foi mais longe.
Distante das conjecturas, embora se saiba que nem sempre muitos dos nossos políticos ficam somente por estas funções, João Lourenço disse, em alto e bom tom, numa sala preenchida por políticos de várias estruturas políticas, que alguns deles estavam igualmente envolvidos no contrabando de combustível.
Se, inicialmente, os pronunciamentos do ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente já haviam deixado muito boa gente de cabelos eriçados, os dizeres no Parlamento aumentaram ainda mais o interesse pelo tema.
E, à medida que o tempo passa, muitos querem, no mínimo, saber quem são e qual é, na realidade, o envolvimento neste processo que, nos últimos tempos, vai consumindo a atenção dos angolanos. Tendo em conta os números apresentados, é possível divisar que se está perante um esquema devidamente organizado cujos rendimentos acabam até por superar os obtidos pelo Estado.
Daqueles em que existirão muitos tubarões, contrariamente às tainhas que muitas das vezes são exibidas em horário nobre. As estimativas apontam para lucros em torno de 6,26 mil milhões de kwanzas entre Janeiro e Novembro de 2024, um valor seis vezes superior ao prejuízo registado pelo Estado, que foi de 1,4 mil milhões de kwanzas, segundo o director-geral de Investigação de Ilícitos Penais (DIIP), comissário José Piedade, que avançou também a detenção de mais de mil e 600 suspeitos, entre cidadãos nacionais e estrangeiros, no âmbito das operações de combate ao contrabando.
Para já, o procurador-geral da República, Helder Pitta Groz, promete, quando as investigações forem concluídas, que serão revelados alguns nomes, o que não seria nada errado.
Não há mal nenhum em se saber quem são os que fazem com que as populações do Norte e Leste de Angola tenham de viver durante largos anos à luz de velas, candeeiros, ou dos empresários que tiveram de encarecer os seus produtos, porque o combustível a que tinham direito acabava sempre por cair no mercado negro.