À semelhança do primeiro mandato, João Lourenço, que cumpre um segundo mandato como Presidente da República, regressa ao Parlamento angolano para o habitual discurso sobre o Estado da Nação, consagrado constitucionalmente. Distante do primeiro ano, em que as perspectivas eram bastante animadoras, fruto das alterações políticas que se preconizavam, depois de quase quatro décadas de liderança do malogrado Presidente José Eduardo dos Santos, este ano o Presidente da República dirige-se ao país num momento de crise económica e social, com um aumento dos preços de combustíveis, dos produtos da cesta básica, assim como um índice de desemprego que não deixa de ser preocupante.
Aliás, não é em vão que existam casos de indivíduos que tenham optado por buscar noutros pontos do mundo a solução para os problemas que enfrentam, embora se saiba que não sejam favas contadas. E a crise que se vive em Portugal, particularmente a nível do mobiliário e a inflação até nos produtos básicos, já faz com que se olhe duas vezes e se busque aqui mesmo novos métodos de sobrevivência.
Faltando três dias para a abertura do novo ano parlamentar, é notório no seio das pessoas a necessidade de encontrarem no discurso do Presidente da República uma mensagem de alento que lhes possa permitir continuar a acreditar em dias melhores.
Aos poucos, enquanto o dia D se aproxima, cada um a seu jeito vai debitando, aqui e acolá, as nuances que gostariam de ver refletidas na explanação do Titular do Poder Executivo. Como frisou o cientista político Sérgio Dundão, em entrevista ao jornal OPAÍS, os últimos cinco anos serviram para, no mínimo, perceber o estilo que tem marcado os discursos sobre o Estado da Nação do Presidente, que se resumem numa avaliação do que foi feito e aquilo que também de- verá ser realizado posteriormente.
É expectável que venha a acontecer também na próxima Segunda-feira, 16, quando todos estiverem presos aos écrans ou, senão, com os ouvidos nas estações de rádio que irão transmitir o discurso mais esperado dos últimos dias.
Com inúmeros projectos em curso, aposta na agricultura, embora persistam críticas de alguns, e meios de financiamentos para os operadores económicos, é provável que já existam indicadores que possam mostrar aos angolanos que bons ventos se aproximam. E ninguém melhor que o próprio Presidente para trazer essas e outras boas-novas na Segunda- feira, 16.
Para muitos, Segunda-feira poderia ter sido já amanhã. É crível que exista quem nem olhe para tanto, mas à espera por uma alteração radical na situação económica e social em que milhares de angolanos estão mergulhados aumenta, significativamente, as expectativas em torno do que será dito pelo Presidente.
O conteúdo do que aí vem ultrapassa até as quezílias sobre se o discurso deveria ser num Domingo, como defende a Oposição, mesmo sendo um dia em que as famílias estão reunidas num ambiente em que a po- lítica é praticamente encostada às boxes, ou na esperada Segunda-feira, por sinal o primeiro dia útil da semana, como decidiu a Comissão Permanente da Assembleia Nacional.