O primeiro caso terá ocorrido em Benguela há pouco tempo. Quando uma imagem de um professor, vestido a rigor, viralizou nas redes sociais com dois sacos de arroz, um em cada lado, mas correndo.
Não se tratava de um produto adquirido de forma lícita, mas sim fruto de uma invasão efectuada pelos populares num camião que circulava numa das estradas da referida província.
Num dia que pode ser descrito como sendo de azar, o motorista do veículo, assim como os empresários, viram-se prejudicados em largos milhões de kwanzas, por conta deste furto generalizado.
Desde então, aumentam os casos do género. Houve, em tempos, na Via Expressa, que liga Cacuaco e zona do Benfica, um outro caso em que um camião de refrigerantes também foi pilhado por populares, criando igualmente prejuízos para os empresários e a própria transportadora.
Infelizmente, apesar dos prejuízos ou a necessidade que alguns dizem passar para conseguir algo para colocar à mesa para elas e os próprios filhos, estas invasões são práticas condenáveis à luz da lei, cujos participantes podem ser responsabilizados.
Nos últimos dias, voltaram a circular imagens de um camião vandalizado na estrada de Catete, em Luanda, onde os populares saquearam os sacos de arroz.
Vê-se nos vídeos e fotografias que circulam indivíduos de ambos os sexos, de um lado para outro, carregando os produtos apressadamente, alguns dos quais trajados a rigor como se dirigissem ou saíssem de escritórios de empresas conceituadas.
A sociedade vai olhando de forma normal para o que se observa hoje, apesar da repugnância que actos do género nos deveriam despertar. Cada camião saqueado é certamente prejuízo para os empresários, uma loja ou firma que encerra e, consequentemente, mais indivíduos que poderão cair no desemprego.
E não espanta se alguns destes futuros desempregados sejam mesmo parentes ou conhecidos daqueles que surripiaram os camiões de arroz, óleo e outros bens essenciais para a vida dos cidadãos.
Independentemente da situação social que o país atravessa, nos campos económicos e sociais, não se pode, de modo algum, aceitar que se normalize casos como os que vão ocorrendo, dando até a entender que se está perante um estado em que não há um poder que possa travar o ímpeto.
O aumento de actos de furto de bens fará com que, certamente, os empresários e as próprias transportadoras destes produtos, sejam eles bens de primeira necessidade ou não, invistam muito mais na segurança dos mesmos.
E o aumento de seguranças para acompanhar as mercadorias poderá, o Diabo que seja surdo, originar situações que nos podem levar a um caos, caso os populares se sintam no direito de saquear bens de qualquer um neste clima de pretensa impunidade que se quer fazer crer aos demais cidadãos.