É de hoje…Ruído da semana

Cerca de três anos depois das eleições gerais, em que o MPLA e o seu candidato, o Presidente João Lourenço, foram declarados vencedores pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), ainda me vêm à memória as imagens das reclamações que se registaram por parte de alguns partidos, com a UNITA à cabeça.

Mesmo que o líder desta formação política tivesse dito, em alto e bom tom, que nunca falara de fraudes, até aos dias que correm é notório o amargo de boca existente. Regularmente, quando se fala de eleições, é comum ouvir-se de responsáveis políticos, e não só, as ditas alegações, embora tivessem posteriormente ao pleito reconhecido implícita e explicitamente os resultados, tomando os assentos na Assembleia Nacional e noutras instituições como a própria Comissão Nacional Eleitoral.

Após a divulgação dos resultados, a liderança do maior partido da oposição avançara desde já que um dos trunfos que usaria seriam as manifestações nas ruas. Um modelo que não se afastaria muito das acções que quase sempre faz, como marchas e outras caravanas, sobretudo nos momentos de abertura dos anos políticos ou nas comemorações de algumas efemérides.

Nos últimos anos, as manifestações tornaram- se, tanto para políticos como até organizações da sociedade civil e alguns grupos formados pelos apodados activistas, como os meios para expressarem desagrados em relação às várias acções em curso no país, principalmente aquelas cujos resultados no sentido prático acreditam não estar a impactar positivamente na vida dos cidadãos.

Muito por conta das aberturas verificadas durante o mandato do Presidente João Lourenço, o país testemunhou várias manifestações ou até intenções viradas para vários segmentos, algumas das quais os impactos estiveram além daquilo que prognosticaram os seus mentores em determinados momentos.

É crível que vezes houve em que alguns ajuntamentos acabaram por culminar com destruição de bens móveis e imóveis, como a queima da sede do MPLA no Benfica e autocarros públicos, mas ainda assim os estragos acabam por ser maiores quando se tenta travar estes movimentos que a Polícia Nacional, por si só, pode muito bem dar conta do recado.

Numa altura em que Angola e África assistem às movimentações em torno da tomada de posse e transferência de pasta na União Africana para o mandato do Presidente João Lourenço, enquanto líder da organização, o imbróglio no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro envolvendo o então candidato à presidência de Moçambique, Venâncio Mondlane, acabou por criar certos ruídos.

É sabido que o político moçambicano, diante dos problemas internos no seu país, foi extremamente indelicado com as autoridades angolanas, incluindo fazendo acusações graves, algumas até atentatórias à imagem do Presidente angolano, mas o ‘show off’ que lhe foi permitido ter acaba por colocá-lo num pedestal que, provavelmente, não teria se passasse sem inconvenientes.

Às vezes, é preferível ignorar determinadas situações porque só ganha quem delas tira proveito. E, à semelhança das manifestações no país, algumas das quais nem as pessoas se apercebem, é menos prejudicial deixar que certos actos ocorram. Para o bem do país e dos angolanos.

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