Numa semana em que as atenções estiveram praticamente centradas no encontro em que o líder do MPLA, João Lourenço, manteve com as bases do partido que dirige, não havia como não haver nos dias seguintes repercussão em relação ao que o futuro destina a esta organização.
Na realidade, embora o encontro estivesse centrado no que os primeiros-secretários dos Comités de Acção Política poderiam avançar para a melhoria das acções do partido, a nível dos bairros, comunas e municípios do país, por estes dias, há, igualmente, quem só esteja virado para o que virá a ocorrer no congresso extraordinário.
É bem verdade que algumas preocupações possam ser legítimas. Afinal, é normal que os aficionados, por exemplo, se mostrem inquietos quanto ao futuro. Porém, também é avisado em política que antes de soar o gongo não se deve dançar de maneira tresmalhada, como se se fosse ser os únicos concorrentes sem antes passar por passos preliminares.
Enquanto partido no poder, há cerca de 50 anos, nos últimos dias, os camaradas têm sido fustigados devido às políticas económicas e sociais, muitas das quais dolorosas, embora se acredite que venham a surtir efeitos num futuro próximo.
Talvez por isso se tenha solicitado, durante a abertura do encontro, no Centro de Conferência de Belas, que os primeiros-secretários – e acreditamos que outros integrantes até mesmo nas principais estruturas do partido – fossem os maiores defensores dos programas em execução, levando aos cidadãos as narrativas necessárias para que se melhore a imagem que se vai tendo nos últimos tempos.
A aproximação do mês de Dezembro, que acontecerá já nos próximos três meses, vai deixando muitos dos seus integrantes de cabelos eriçados. Nos períodos que antecedem os congressos, não têm sido diferentes, observando-se, em alguns casos, autênticas romarias para a manutenção de postos e a ascensão de órgãos superiores do partido. Mesmo depois de se ter dito que pertencer ao Comité Central não seria necessariamente uma chave, por exemplo, para galgar funções no Executivo, ainda assim, há quem pense o contrário.
Porém, já se sabe que não haverá em Dezembro próximo qualquer alteração nos órgãos existentes, prevendo-se que as próximas batalhas campais serão mesmo durante o congresso ordinário. Só que, além das posições no Comité Central, Bureau Político – ou no seu secretariado – há quem nesta fase já se vai lançando até mesmo para os lugares cimeiros.
E a questão dos timings é sempre chamada a ser analisada nestes períodos se convém ou não, sobretudo quando ainda falta muito para o conclave electivo e muitos julgam necessário nesta fase a busca de soluções para a resolução dos problemas mais prementes do país.
No meio de tudo, a verdade é que a grandeza do próprio partido – e as suas responsabilidades para com o país e os angolanos–exigirá jogos de cintura que não o maculem nem o deixem mais fragilizados, apesar dos interesses confessos e inconfessos que possam surgir no meio de muitos.