Sair de Angola, nos últimos tempos, tornou-se um desafio para muitos. A procura por melhores condições de vida, saúde e outras justificações são as explicações dadas por aqueles que optam por este caminho, jurando alguns deles virarem as costas definitivamente ao país que os viu nascer.
É ponto assente que assim não é para uma maioria que sempre tem no seu consciente a necessidade de se ajudar o país a prosperar, contribuindo alguns deles com partes dos recursos que regularmente possam enviar aos seus parentes. Tem sido assim em muitas economias.
As remessas familiares acabaram por transformar até mesmo os países que possuem uma diáspora mais significativa. Há países em África, entre os quais Cabo Verde, que as remessas têm um peso significativo, observando-se mais entradas do que saídas em relação às divisas.
Embora se diga que não seja muito significativo o número de cidadãos que procuram refúgios noutros países e continentes, se se tiver em conta a população existente, ainda assim, há uma tendência que aponta para um crescimento da diáspora angolana.
Apesar das contrariedades que possam encontrar, mas empregados mesmo em áreas tidas por muito como precárias, o contributo destes para o país pode, de algum modo, ser significativo se tivermos em conta os exemplos que são transmitidos de outros pontos do planeta, até mesmo por povos africanos.
Gostaria imenso de um dia ler ou escutar nos principais órgãos de comunicação social que as remessas feitas, por exemplo, por muitos angolanos lá fora fossem tão significativas, porque muitos deixam aqui famílias e outros próximos por forma a alavancarem a nossa economia.
Infelizmente, tem acontecido o contrário. Apesar de toda a fiscalização que se faça, há ainda mui- to mais dinheiro a sair de Angola do que propriamente aquilo que se pode esperar das remessas daqueles que trabalham na Europa, América ou Ásia. Seguramente, parte significativa do que sai é lucro de empresas aqui sedeadas.
Mas, ainda assim, é crível que muitos angolanos ainda continuam a fazer do exterior o local de destino de avultadas fortunas, algumas delas conseguidas por vias menos honestas.
No ano passado, por exemplo, as estatísticas indicavam que terão saído de Angola mais de mil milhões de dólares norte-americanos e entrado, através das remessas, somente 13,9 milhões de dó- lares, ou seja, pouco mais de um por cento do valor saído.
Trata-se de uma tendência que vem sendo acompanhada há vários anos. Demonstrando que, embora se pense crescer lá fora, poucos são os que a partir de lá apostam directamente no crescimento do país através de remessas para vários projectos a nível interno.