O longo processo entre o início da avaliação das instituições de ensino superior e a divulgação dos mesmos já evidenciavam que muita coisa parecia errada neste reino.
Quando se publicou os resultados, claro que depois de ultrapassado os prazos iniciais, ficou-se a saber que apenas três instituições do ensino superior, com curso de saúde, pareciam estar, minimamente, organizadas e com condições para ministrarem as referidas formações.
Entre públicas e privadas, somente a UPRA, Universidade Piaget e a Mandume Ya Ndemufayo se saíram bem em alguns cursos, enquanto as demais acabaram mesmo chumbadas, o que lhes valeu, nos últimos dias, o remédio amargo que acaba de ser administrada para que arranjem soluções.
É sabido que existem inúmeros problemas a nível das instituições de ensino superior. Em vários cursos. A avaliação a nível do ensino superior nos cursos de saúde veio demonstrar a necessidade de se investir mais no sector para que possamos ter médicos e outros técnicos de qualidade, o que só será possível caso se mantenha os mesmos níveis que apresentam alguns países africanos, europeus e americanos onde muitos recorrem.
Para os próximos dois anos, muitas das universidades reprovadas não poderão receber estudantes novos segundo orientações do Ministério do Ensino Superior.
Uma medida para muitos draconianas por coarctar, seguramente, o sonho de muitos jovens que almejam ser médicos em várias especialidades, ou ainda profissionais nos sectores da saúde.
A necessidade de uma melhor qualidade terá sido a razão da avaliação, assim como da penalização das instituições para que no futuro possam formar quadros mais capazes e que o país precisa. Independentemente disso, há um presente que precisará de respostas nesta ponta final do ano lectivo.
Com uma situação económica que vai inspirando cuidados, por exemplo, a Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto tem sido a bóia de salvação para os jovens originários de famílias menos abastadas, algumas das quais nem sequer conseguem manter as três refeições por dia ou suportar outras despesas. Impossibilitadas de receber estudantes do primeiro ano nos próximos dois anos, resta saber que alternativas muitos deles terão para puderem se formar.
Claro está que muito daqueles com possibilidades poderão ingressar nalgumas privadas, onde os custos também são tidos por muitos como sendo amargos, tal como as medidas hoje tomadas pelo Ministério do Ensino Superior, embora se reconheça que são necessárias.
É que dois anos sem estudar fazem sempre alguma diferença para quem almeja concretizar um determinado sonho.
O ideal, por exemplo, seria que se algumas das banidas conseguissem em pouco tempo suprir as lacunas, então que pudessem ser novamente avaliadas e não se esperar pelos próximos dois anos literalmente para que possam novamente ter acesso aos novos estudantes.