Li certa vez um político dizendo que em Angola não havia mais espaços para outros partidos. Porque é sua convicção de que o espaço político está amplamente dominado pelos dois principais partidos, MPLA e UNITA, deixando até de lado a FNLA.
Para muitos, embora se alardeie aos quatro cantos a necessidade do aprofundamento da democracia, assentes nos ideais do multipartidarismo subscrito em finais dos anos 90, ainda assim o surgimento de novas organizações políticas é um acontecimento ‘contranatura’.
Algo curioso, sobretudo num país que, num dado momento da sua existência, viu surgirem mais de uma centena de partidos, a maioria dos quais o próprio tempo e a realidade encarregaram-se de os afastar naturalmente. Numa altura em que as ideologias foram mandadas para as urtigas, é ponto assente que continuarão a surgir novas organizações políticas, goste-se ou não delas.
O curioso é que se vai encaminhando, de forma deliberada até, para um pensamento que aponte todos os novos partidos como se de satélites se tratassem, rejeitando-se, deste modo, que existem entre aqueles que não se alinham com os partidos tradicionais e pretendem fazer vincar as suas próprias ideias para o país nos próximos tempos.
É certo que há muito que as ideologias deixaram de fazer parte das opções para que muitos escolham as suas opções políticas. Durante anos, foi a etnia, outros o fizeram por razões familiares e houve até quem tenha sofrido um empurrão mais pressionado pelas benesses e cargos.
Ainda assim, nada obsta que exista quem não se sinta melhor nas marcas tradicionais. E assim parta para novos projectos, embora seja muito remota a possibilidade de a curto prazo poderem ascender à liderança dos destinos do país.
Estranhamente, enquanto se apregoa a liberdade de escolha de cada um, com respaldo constitucional, aumentam também aqueles que tentam a todo o custo denegrir os seus promotores, as siglas e até mesmo o conteúdo dos seus programas.
À medida que se aumenta a consciência política dos angolanos, acreditamos que há de chegar o dia em que, mais do que insinuações baratas, como a que vimos saindo de determinados círculos políticos e até da própria sociedade civil, nos veremos envolvidos mais em analisar projectos e ideias realistas do que denegrir quem tenha dado passos para entrar nesta briga política dominada pelos maiores.
Na luta de elefantes, é provável que outros possam servir para apaziguar, ou até mesmo para desempatar em certas alturas. E há espaço para o efeito.