Conheci a Wits University na África do Sul no início dos anos 2000, quando participamos de uma conferência sobre jornalismo investigativo, realizada pelo Fórum de Jornalistas Investigativos. Trata-se de uma unidade de ensino superior secular. São mais de 100 anos de história, com formações em vários ramos, razão pela qual a mesma é considerada um das melhores – e quiçá maiores- da África do Sul, uma das principais potências económicas do continente.
Habituado a olhar as instalações pequenas que as universidades angolanas possuíam quase todas naquela época, confesso que fiquei – na altura- boquiaberto com as estruturas, as salas de aulas, os acessos, até mesmo do silêncio que se fazia sentir enquanto frequentávamos o curso.
Não há dúvidas de que a qualidade das infraestruturas jogam um papel primordial em qualquer fase de ensino. Sendo que a nível dos ensinos secundários e superiores fundamentais para se possibilitar a inclusão de equipamentos, salas de apoios, anfiteatros, laboratórios e outros bens fundamentais para uma verdadeira aprendizagem. Com o andar dos tempos pudemos conhecer outras universidades.
Apesar disso, as imagens iniciais da Wits University quase que não saíam da cabeça. Quando em tempos fui ao Campus Universitário testemunhar a outorga de diploma em matemática de familiar veio-me outra vez à mente o sonho de um dia puder observar naquele mesmo espaço, em Camama, algo semelhante ou que se aproximasse daquilo que parece ser norma em determinados países do mundo em termos de infraestruturas e serviços para o mundo universitário.
Criada para acolher quase todas as unidades orgânicas da Universidade Agostinho Neto, a maior e mais antiga do país, o Campus Universitário compreendia uma significativa parcela de terreno que com o seu crescimento iria dignificar em todos os sentidos o ensino superior no país, sobretudo os funcionários, docentes e discentes da mesma caso se concluíssem as obras.
Pela extensão que possuía de terra, um dia destes também me iria orgulhar à dimensão do que certamente muitos sul-africanos o fazem em relação à Wits University e outros. Porém, aos poucos vou vendo o meu sonho desvanecer. Afinal, há muito que se começou a asfixiar o Campus Universitário e aquilo que, inicialmente, se pensava pertencer a esta instituição vai sendo tomado por inúmeros projectos imobiliários que crescem a uma velocidade cruzeiro.
A zona que se pensava servir, preferencialmente, para a academia vai-se tornando maioritariamente residencial. Com as suas virtudes e vícios que podem influenciar positiva e negativamente quem por aí circular, ou seja, professores, estudantes e de- mais interessados.