Sempre que me desloco às Lundas Norte e Sul, o que mais chama atenção são os preços dos bens e serviços e as justificações apresentadas para o efeito.
Se na capital Luanda muitos dos preços já são amargos, mesmo possuindo um dos principais portos que recebe mercadorias do exterior, o que se pode esperar daqueles que estão há cerca de 12 ou 14 horas numa viagem por estrada? A distância, acrescida do péssimo estado em que ainda se encontravam determinados troços, tem sido um dos factores que impacta demasiado para o aumento exponencial de preços em qualquer parte do país.
E no leste e nordeste se vive um dos maiores calvários. Algumas vezes, já neste espaço, defendemos a ideia de que o desenvolvimento do Leste do país, à semelhança de outras parcelas, depende muito das estradas.
Dificilmente se poderia criar condições baseadas no transporte de mercadorias em porões dos aviões, em termos pequenas encomendas em helicópteros, ou nas aeronaves mais pequenas, muitas das vezes ao serviço das empresas diamantíferas.
Quando se aventou a possibilidade de reconstrução da estrada nacional 230 em toda a sua extensão, nasceu também a esperança em dias melhores para as populações que habitam ao redor, assim como daqueles que dependem quase que exclusivamente desta via, por se verem privados de um Porto ou outras formas de acesso às mercadorias.
E, aos poucos, o sonho se vai tornando realidade. Em alguns pontos, de forma mais acentuada, porque as estradas já foram reabilitadas, e noutros ainda tímida, com o início da construção destas.
Hoje, felizmente, viajar-se entre Luanda, Cuanza-Norte, Malanje, Lundas Norte e Sul já não é um calvário à semelhança de outras épocas, porque a cada dia que passa se nota a melhoria em determinados troços.
A maior preocupação de muitos automobilistas nos últimos tempos residia no troço entre Maria Teresa e Caculo, no Cuanza-Norte. É ainda um autêntico cavalo-de-batalha.
Mas um decreto presidencial publicado na última semana poderá permitir que se derrube a última barreira para que se faça uma viagem mais confortável.
Quando concluído se poderá, assim, viajar tranquilamente entre Luanda e as zonas mais recônditas da Estrada Nacional 230.