Foi em Agosto do ano passado que, em conversa com o então administrador municipal de Cacuaco, Auzílio Jacob, agora nas vestes de governador da novel província de Icolo e Bengo, este dizia que, na altura, o bairro Paraíso, em Cacuaco, já se tinha transformado num bom lugar para se viver.
Há muito que o Paraíso, um bairro incrustado no interior de Cacuaco, passou a constar no léxico dos angolanos.
Não que fosse por conta das melhores condições de vida dos seus cidadãos, que ainda deixam muito a desejar, mas por causa dos acontecimentos, alguns dos quais até insólitos, que fazem com que sempre esteja na berlinda.
Estamos recordados, no início, do incidente que vitimou alguns agentes da Polícia no interior de uma esquadra móvel, numa acção desencadeada por meliantes, provocando não só a ira dos populares, mas acima de tudo um elevado temor a quem vive nas suas redondezas.
Distante do território perfeito em que habitaram há séculos Adão e Eva, o Paraíso de Cacuaco voltou aos noticiários.
Outra vez por uma má razão, por ter testemunhado a ocorrência de mais de 20 casos de cólera, uma doença que se acreditava riscada das grandes preocupações do Executivo angolano, mormente o Ministério da Saúde.
Face ao acontecimento, as autoridades já criaram uma comissão multissectorial para se estudar o caso, assim como se tomar as medidas profiláticas no sentido de não se ver ramificados os casos, o que a acontecer poderá criar enormes constrangimentos, devido à forma rápida como a doença em si se pode propagar numa comunidade em que muitas das acções preventivas podem estar a ser menosprezadas.
Nos últimos tempos, pelas informações avançadas pelo então administrador, passou-se a mensagem de que o abastecimento de água potável, assim como a recolha de lixo e outros serviços sociais, tinham sido melhorados substancialmente.
Isso por si só seria motivo para que não fosse, outra vez, o Paraíso a ressurgir nos blocos noticiosos por conta de uma situação negativa, que se espera que não venha a ceifar vidas como noutras alturas quando o país registava casos de cólera.
Apesar das críticas que possam ser feitas, a realidade indica, nos últimos tempos, que é cada vez maior o número de pessoas que têm acesso à água potável, sobretudo nos bairros mais urbanizados, estando preteridos ainda muito dos que vivem nos novos bairros, muitos dos quais construídos numa velocidade quase que de um cruzeiro.
Mas, é sabido que, além da água, existem outras formas de propagação da doença, que é quase sempre associada à falta de higiene e à má confecção dos alimentos.
Na verdade, um dos grandes constrangimentos que muitas das famílias passam hoje devido aos problemas socioeconómicos que enfrentam, incluindo no Paraíso.
O ideal seria que deste bairro homónimo daquele que muitos crentes almejam atingir um dia viessem somente informações boas sobre os ganhos que se vão conseguindo. Mas, ao que parece, até mesmo o mal não se quer livrar do Paraíso.