Muitos jovens podem não ter ouvido falar. Mas a história deste país registou há muitos anos a falência de um banco que se designava Caixa de Crédito e Agropecuária (CAP), uma instituição que estava vocacionada ao apoio dos sectores constantes da sua denominação, visando o crescimento dos mesmos naquilo a que hoje ainda insistentemente chamamos diversificação da economia.
Esteve situado na avenida dos Combatentes, em Luanda. Durante a sua existência, foi local de peregrinação de importantes figuras da nossa praça, incluindo figuras ligadas à oposição, que acabaram, posteriormente, por constar de uma lista de caloteiros que levaram à falência esta importante instituição bancária.
Longe da agricultura e agropecuária, que só nos últimos anos vem apresentando projectos e resultados que nos levarão a reduzir a importação de determinados produtos, os fundos do CAP foram utilizados por muitos dos então clientes em investimentos contrários aos desígnios iniciais.
Dizia, jocosamente, um amigo que houve quem tivesse até construído enormes piscinas aí onde era suposto ser ocupado com plantações de hortaliças ou cereais.
Diferente da agricultura ou pecuária, por exemplo, os espaços, as fazendas e quintas transformaram-se em locais de lazer em que a produção assentava em convívios familiares, festas de aniversários e outras actividades lúdicas. Até hoje, há quem se sinta constrangido quando se menciona o nome da instituição falida.
O malbaratamento dos fundos, assim como as suas consequências, ainda perseguem alguns dos caloteiros e outros que se beneficiaram dos largos milhões que lá estavam à disposição para um fim melhor para os angolanos.
Por estes dias, fala-se num financiamento de 1.600 milhões de kwanzas que o Fundo de Desenvolvimento Agrário (FADA) terá concedido ao Conselho Nacional da Juventude (CNJ), liderado pelo jovem Isaías Kalunga.
E consta que o montante está destinado a jovens que habitam no município de Icolo e Bengo, onde se estarão já em preparação cerca de 100 hectares de terra para fins agrícolas.
Todos os dias, nos chegam exemplos de jovens, sobretudo em áreas longínquas deste país, que fazem milagres com pouco, aumentando a produção, empregando outros jovens e contribuindo para o desenvolvimento de forma concreta.
Os fundos disponibilizados ao Conselho Nacional da Juventude podem ser um caminho para que dezenas ou centenas de jovens possam inscrever correctamente as suas histórias neste capítulo de diversificação da economia e desenvolvimento do país.
O que se espera é que eles caiam em mãos certas e não nas de aventureiros sem quaisquer experiências em trabalhar e viver da terra.
Seria bom que no final não fóssemos a olhar para muitos como sendo a versão juvenil e renovada dos caloteiros de outrora, que levaram à falência a extinta Caixa de Agropecuária e Crédito.
É que muitos nem sequer sabiam como se planta um pé de alface, mas nem por isso se coibiram em buscar fundos para projectos gigantescos desenhados em papéis.